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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO FURNAS
Órgão analisa contratos de empresas nas quais filhos do ex-diretor trabalhavam ou eram sócios com estatal de energia elétrica
CGU investiga empresas ligadas a Dimas
ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas empresas prestadoras de
serviço a Furnas Centrais Elétricas relacionadas a filhos do ex-diretor de Engenharia da estatal Dimas Toledo são alvo de investigação da CGU (Controladoria Geral
da União). Uma delas, a Canal
Energia, foi contratada sem licitação, tendo sido dispensada por
Furnas dois meses depois de Dimas ter deixado a estatal.
A Canal Energia é um provedor
de informações na internet, especializado na área de energia elétrica. Foram dois contratos fechados
pelo site com Furnas, ambos no
valor de R$ 77.920. O primeiro foi
firmado no dia 1º de julho de
2004. Quatro meses depois, Gabriel Martins, filho de Dimas, passou a integrar o quadro societário
da Canal Energia.
A prestação do serviço venceu
no final de fevereiro de 2005, tendo sido renovada automaticamente em março, com vigência
até 31 de outubro do mesmo ano.
Dimas foi afastado de sua função em junho de 2005, depois de o
ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) afirmar à Folha ter ouvido dele que havia desvio de R$ 3
milhões mensais na empresa para
o PT e partidos aliados. Mas Dimas, que nega irregularidades, só
deixou efetivamente a empresa
no dia 1º de agosto. No final de
outubro, quando o contrato com
a Canal Energia venceu, Furnas
decidiu não renová-lo.
Outro contrato investigado pela
CGU envolvendo um filho de Dimas foi firmado com a Bauruense, maior prestadora de serviços
da estatal, com 1.598 funcionários
terceirizados (80% do total de trabalhadores temporários). Entre
eles, Fabiana Toledo Sermarini.
A Bauruense já recebeu de Furnas R$ 821 milhões em 28 contratos para prestação de serviços
desde 2000. O Ministério Público
do Trabalho apontou Dimas como administrador dos contratos
de terceirização enquanto esteve
no comando da empresa.
Segundo a empresa Bauruense,
Fabiana já trabalhava para Furnas
quando foi contratada pela prestadora de serviços, em novembro
de 2004. Ela passou a trabalhar
para a Bauruense juntamente
com outros 375 colaboradores.
Como está na condição de terceirizada, Fabiana passou a trabalhar para a estatal sem ter prestado concurso.
Dimas nega ter havido desvio de
dinheiro da estatal para partidos
políticos. Ele se fia em auditoria
externa, contratada pela estatal,
que teria concluído não ter havido
irregularidades. Técnicos da CGU
consideraram, no entanto, que a
auditoria externa foi insuficiente
para checar as denúncias. A própria contratação da Ernst &
Young para fazer o trabalho será
investigada pela CGU, por ter sido
feita sem autorização do órgão, o
que está previsto em lei.
Dimas também refuta ser o autor da lista que aponta 156 políticos como beneficiários do suposto esquema que teria girado R$ 40
milhões em 2002. Uma das linhas
de investigação da CGU analisará
os contratos que empreiteiras,
empresas de consultoria e agências de publicidade citadas na lista
mantêm com Furnas. Seriam elas
as fontes do suposto caixa dois.
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