São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2007

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Para parlamentares não é imoral contratar parentes

Deputados afirmam que a prática é legal e que os funcionários cumprem funções

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria dos deputados que emprega seus familiares afirmou não ver imoralidade na prática e reagiu com irritação, sendo que alguns tentaram desvincular o funcionário de sua vida pessoal. Em muitos casos, a resposta foi a mesma: "Cunhado não é parente".
"Tem alguma lei que proíbe? Não é imoral porque ela está trabalhando. Quando houver mudança na Constituição, eu exonero e contrato outro", disse Nelson Meurer (PP-PR), que emprega a cunhada.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), por sua vez, chegou a xingar a reportagem.
Veja abaixo as explicações:
Leandro Vilela (PMDB-GO): "Não vejo nenhum problema, o que não pode é ter um gabinete com dez ou 20 parentes. Nesse caso, cumprindo as funções, acho normal".
Leonardo Vilela (PSDB-GO): diz que a filha já foi exonerada. A Folha não encontrou a publicação da saída.
Lobbe Neto (PSDB-SP): assessoria apenas confirmou que sua mulher trabalha em seu escritório no Estado.
Luiz Carlos Setim (PFL-PR): informou por meio da assessoria que sua mulher "acompanha sua vida política".
Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES): informou se tratar de um parente de terceiro grau.
Márcio Reinaldo (PP-MG): a assessoria informou que sua irmã trabalha como assessora no Estado.
Marco Maia (PT-RS): "Sou contra o nepotismo, mas o nepotismo em excesso. A lei não pode ser discriminatória com parentes, há casos e casos. No meu caso, o Roberto Tejadas é dirigente do PT desde 1988, é indicação do partido".
Mauro Lopes (PMDB-MG): "Meu filho é funcionário do Dnit e está fazendo um trabalho específico na Câmara. Ele é especialista em transportes e eu era o presidente da comissão de Transportes. Ele ganha só uma gratificação, de R$ 480, porque a lei não permite ele ser requisitado sem salário".
Nelson Meurer (PP-PR): "Tem alguma lei que proíbe? Não é imoral porque está trabalhando. Quando houver mudança na Constituição, eu exonero e contrato outro".
Neucimar Fraga (PR-ES): "Minha irmã trabalha comigo desde que eu era vereador. Dos meus 20 assessores, eu tenho uma irmã, e enquanto a lei permitir ela vai continuar".
Nilson Pinto de Oliveira (PSDB-PA): assessoria informou que o filho do deputado foi exonerado. A Folha não encontrou o registro de saída.
Osvaldo Reis (PMDB-TO): a assessoria informou que não houve interferência política do deputado na nomeação do seu filho para o gabinete do deputado peemedebista Tadeu Filippelli (DF).
Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE): assessoria informou que se trata de um ex-cunhado.
Roberto Balestra (PP-GO): "Nepotismo é muito difícil, parente é pai, filho e irmão. Se o funcionário trabalha com dignidade e honradez, não vejo problema".
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF): disse que não houve interferência política porque seu sobrinho já trabalhava no gabinete do deputado Mauro Lopes antes de ele tomar posse de seu primeiro mandato.
Sandro Matos (PTB-RJ): "Ele [ seu irmão] é meu assessor de marketing, é meu braço direito e esquerdo. Nesse caso, não é um problema, mas uma solução pela responsabilidade dele".
Tadeu Filippelli (PMDB-DF): a assessoria argumentou que não se trata de familiar porque a funcionária é mulher do seu cunhado.
Vilson Covatti (PP-RS): informou por meio da assessoria que, "mediante à lei, cunhado não é parente".
Abelardo Camarinha (PSB-SP): "De 25 nomeações que eu tenho direito, nomeei um membro da família, que é minha irmã, que é meu braço direito há vários anos. (...) Não há nenhuma imoralidade nisso".
Flaviano Melo (PMDB-AC): "Ela [a mulher] é funcionária do Senado, quando eu cheguei lá, em 91, era divorciado, e ela era funcionária da Casa desde os anos 80. (...) Não é indicação minha, faço questão de não me meter nisso".
Ademir Camilo (PDT-MG): diz que a mulher era concursada como professora, em Teófilo Otoni (MG), e que foi cedida para a Câmara para acompanhar o marido.
Átila Lins (PMDB-AM): afirma que, enquanto não for proibido, não vê problema em contratar os dois filhos. "Um percentual que não chega nem a dez por cento [do que um deputado pode contratar]".
Os demais deputados citados não responderam.


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