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Para parlamentares não é imoral contratar parentes
Deputados afirmam que a prática é legal e que os funcionários cumprem funções
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A maioria dos deputados que
emprega seus familiares afirmou não ver imoralidade na
prática e reagiu com irritação,
sendo que alguns tentaram
desvincular o funcionário de
sua vida pessoal. Em muitos casos, a resposta foi a mesma:
"Cunhado não é parente".
"Tem alguma lei que proíbe?
Não é imoral porque ela está
trabalhando. Quando houver
mudança na Constituição, eu
exonero e contrato outro", disse Nelson Meurer (PP-PR), que
emprega a cunhada.
O deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ), por sua vez, chegou a
xingar a reportagem.
Veja abaixo as explicações:
Leandro Vilela (PMDB-GO):
"Não vejo nenhum problema, o
que não pode é ter um gabinete
com dez ou 20 parentes. Nesse
caso, cumprindo as funções,
acho normal".
Leonardo Vilela (PSDB-GO):
diz que a filha já foi exonerada.
A Folha não encontrou a publicação da saída.
Lobbe Neto (PSDB-SP): assessoria apenas confirmou que
sua mulher trabalha em seu escritório no Estado.
Luiz Carlos Setim (PFL-PR):
informou por meio da assessoria que sua mulher "acompanha sua vida política".
Luiz Paulo Vellozo Lucas
(PSDB-ES): informou se tratar
de um parente de terceiro grau.
Márcio Reinaldo (PP-MG): a
assessoria informou que sua irmã trabalha como assessora no
Estado.
Marco Maia (PT-RS): "Sou
contra o nepotismo, mas o nepotismo em excesso. A lei não
pode ser discriminatória com
parentes, há casos e casos. No
meu caso, o Roberto Tejadas é
dirigente do PT desde 1988, é
indicação do partido".
Mauro Lopes (PMDB-MG):
"Meu filho é funcionário do
Dnit e está fazendo um trabalho específico na Câmara. Ele é
especialista em transportes e
eu era o presidente da comissão de Transportes. Ele ganha
só uma gratificação, de R$ 480,
porque a lei não permite ele ser
requisitado sem salário".
Nelson Meurer (PP-PR):
"Tem alguma lei que proíbe?
Não é imoral porque está trabalhando. Quando houver mudança na Constituição, eu exonero e contrato outro".
Neucimar Fraga (PR-ES):
"Minha irmã trabalha comigo
desde que eu era vereador. Dos
meus 20 assessores, eu tenho
uma irmã, e enquanto a lei permitir ela vai continuar".
Nilson Pinto de Oliveira
(PSDB-PA): assessoria informou que o filho do deputado
foi exonerado. A Folha não encontrou o registro de saída.
Osvaldo Reis (PMDB-TO): a
assessoria informou que não
houve interferência política do
deputado na nomeação do seu
filho para o gabinete do deputado peemedebista Tadeu Filippelli (DF).
Paulo Henrique Lustosa
(PMDB-CE): assessoria informou que se trata de um ex-cunhado.
Roberto Balestra (PP-GO):
"Nepotismo é muito difícil, parente é pai, filho e irmão. Se o
funcionário trabalha com dignidade e honradez, não vejo
problema".
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF): disse que não houve interferência política porque seu sobrinho já trabalhava no gabinete do deputado Mauro Lopes
antes de ele tomar posse de seu
primeiro mandato.
Sandro Matos (PTB-RJ):
"Ele [ seu irmão] é meu assessor de marketing, é meu braço
direito e esquerdo. Nesse caso,
não é um problema, mas uma
solução pela responsabilidade
dele".
Tadeu Filippelli (PMDB-DF): a assessoria argumentou
que não se trata de familiar
porque a funcionária é mulher
do seu cunhado.
Vilson Covatti (PP-RS): informou por meio da assessoria
que, "mediante à lei, cunhado
não é parente".
Abelardo Camarinha (PSB-SP): "De 25 nomeações que eu
tenho direito, nomeei um
membro da família, que é minha irmã, que é meu braço direito há vários anos. (...) Não há
nenhuma imoralidade nisso".
Flaviano Melo (PMDB-AC):
"Ela [a mulher] é funcionária
do Senado, quando eu cheguei
lá, em 91, era divorciado, e ela
era funcionária da Casa desde
os anos 80. (...) Não é indicação
minha, faço questão de não me
meter nisso".
Ademir Camilo (PDT-MG):
diz que a mulher era concursada como professora, em Teófilo
Otoni (MG), e que foi cedida
para a Câmara para acompanhar o marido.
Átila Lins (PMDB-AM): afirma que, enquanto não for proibido, não vê problema em contratar os dois filhos. "Um percentual que não chega nem a
dez por cento [do que um deputado pode contratar]".
Os demais deputados citados
não responderam.
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