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Lula minimiza trabalho degradante no país
Presidente afirmou que durante a Revolução Industrial o trabalho "era muito mais penoso" do que nas usinas de cana
Na sede da Embrapa, em Campinas, ele rebateu as críticas feitas por países da Europa ao desmatamento registrado na Amazônia
MAURÍCIO SIMIONATO
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Ao defender o crescimento
econômico do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
rebateu ontem, em Campinas
(95 km de SP), países europeus
que criticam o desmatamento
na Amazônia. Lula ainda minimizou ocorrências de trabalho
análogo à escravidão no país.
"Vira e mexe, agora virou
moda ir para um debate na Europa e alguém ficar dizendo que
nós estamos desmatando a
Amazônia, não tem nem noção
do crescimento da produtividade brasileira nos últimos 15
anos", disse na sede da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Logo em seguida, Lula se referiu à Revolução Industrial,
ocorrida na Europa no século
18, para minimizar casos atuais
de trabalho análogo à escravidão em usinas de cana.
"Vira e mexe, nós estamos
vendo eles falarem do trabalho
escravo no Brasil, sem lembrar
que o desenvolvimento deles, à
base do carvão, o trabalho era
muito mais penoso do que o
trabalho na cana-de-açúcar."
O trabalho degradante ou
análogo à escravidão é combatido desde 1995 pelos grupos
móveis do Ministério do Trabalho e Emprego. Só em 2007, período de atuação mais intensa,
foram 5.877 libertações ou resgates. Conforme a Folha revelou em fevereiro, 53% das libertações ocorreram em usinas de cana (3.117 pessoas).
No ano passado, Lula tornou
o álcool combustível uma de
suas principais bandeiras, classificando os usineiros de "heróis mundiais". Mas, apesar
dos esforços do presidente em
promover o etanol, as exportações caíram 14% em 2007, para
3,2 bilhões de litros.
Mesmo assim, com apoio do
governo, o setor sucroalcooleiro continua crescendo. Segundo dados da Unica (União da
Indústria de Cana de Açúcar), a
área plantada com cana saltou
de 7 milhões de hectares em
2006 para 7,8 milhões hectares
no fim do ano passado. A estimativa para a produção de cana
na safra 2007/08 é de 487 milhões de toneladas. Serão 22 bilhões de litros de etanol.
O setor também é um importante doador do PT. Em 2006,
foram mais de R$ 2 milhões
vindos de produtores de álcool.
Desmatamento
Em janeiro, o Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou dados sobre o
aumento do desmatamento na
Amazônia. A ministra Marina
Silva (Meio Ambiente) apontou
como provável causa a pressão
por aumento da produção de
soja e carne. A Secretaria de
Meio Ambiente do governo de
Mato Grosso contestou.
Na ocasião, Lula anunciou
medidas emergenciais contra o
desmatamento, mas criticou o
"alarde" na divulgação do estudo. No fim de fevereiro, o governo lançou a Operação Arco
de Fogo, que mobilizou forças
federais no combate ao desmatamento e comércio ilegal de
madeira na Amazônia Legal.
Ontem, ao citar o desmatamento e o trabalho degradante,
Lula pediu "responsabilidade e
maturidade" aos brasileiros no
momento em que forem falar
do país. "Cada vez que nós
abrirmos a boca para dizer alguma coisa, isso não vai ter repercussão apenas internamente, vai ter repercussão lá fora."
Ele disse ainda que o Brasil
deixou de ser "aquele país bonito de samba, Carnaval e jogador
de futebol" e passou a competir
"com aqueles que detinham o
domínio do mercado mundial".
Mais tarde, Lula inaugurou o
Centro de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes, também em Campinas. Ainda na cidade, visitou a Samsung, onde
ganhou o novo celular com TV
digital lançado pela empresa.
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