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Economista foi expulso depois de fazer denúncia
DA REDAÇÃO
O economista Paulo de Tarso
Venceslau revelou publicamente as irregularidades na arrecadação de recursos para o
PT em maio de 1997, ao acusar
o partido de pressionar prefeitos petistas a assinar, sem licitação, contratos com a Cpem
(Consultoria para Empresas e
Municípios), que depois repassaria parte do dinheiro a campanhas do partido. Ele foi expulso do PT em março de 1998.
Ex-militante da ALN (Ação
Libertadora Nacional) que participou do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969, Venceslau
filiou-se ao PT, tendo assessorado o deputado estadual Anísio Batista. Em 1989, tornou-se
secretário das Finanças do prefeito de Campinas, Jacó Bittar,
mas saiu em 1990 por ser contrário à contratação da Cpem.
A empresa fazia a revisão da
cota que cada município deveria receber de ICMS e cobrava
20% sobre o aumento de arrecadação obtido com as correções dos erros das empresas.
Venceslau diz que a Cpem,
criada em 1985, era dirigida de
fato pelo empresário Roberto
Teixeira, compadre de Lula,
que por muito tempo morou
numa casa cedida pelo amigo.
Segundo ele, a Cpem era contratada sem licitação e fraudava
a prefeitura para receber a
mais: "O Jacó me levou até o
Lula para que ele tentasse me
convencer que a contratação
da Cpem era legal". Ele diz que
não aceitou e pediu demissão.
Em 1993, por recomendação
de José Dirceu, Venceslau foi
nomeado secretário da Fazenda da prefeita de São José dos
Campos, Angela Guadagnin. O
contrato com a Cpem, herdado
da gestão anterior, é suspenso.
Em outubro, Venceslau entrega um dossiê sobre irregularidades no contrato e é demitido.
Em 1995, Venceslau enviou
uma carta à direção nacional
do PT dizendo que Guadagnin
não teria prosseguido a apuração das irregularidades que ele
encontrou: "A prefeitura somente tomou providências administrativas para suspender o
contrato com a empresa, mas
não para identificar e punir os
responsáveis". Guadagnin disse ter tomado as providências
para corrigir as irregularidades
e ressarcir a cidade do prejuízo.
Na época, o PT criou uma comissão para investigar o caso,
que não chegou a nenhuma
conclusão porque, segundo
Dirceu, não encontrou fatos
que justificassem as denúncias,
já que o contrato tinha sido feito pela administração anterior
e suspenso pela gestão petista.
Em 1997, Venceslau denunciou publicamente o partido.
Munido de uma auditoria sobre o contrato da Cpem, ele
acusou a direção do PT de ser
conivente com um esquema de
corrupção para financiar as atividades do PT. Segundo Venceslau, Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu e outros dirigentes conheciam o esquema:
"O Paulo Okamotto me disse
que a Caravana da Cidadania
do Lula, em 1993, quase não
saiu porque a Cpem não repassou o dinheiro prometido por
causa dos problemas que eu
criei para eles quando era secretário em São José", disse. Segundo ele, Lula e Dirceu foram
informados das irregularidades cometidas pela Cpem e não
tomaram providências.
Roberto Teixeira negou ser
dono da Cpem, mas admitiu
ter dado auxílio eventual à empresa, à qual seu irmão, Dirceu
Teixeira, era ligado. Okamotto
negou as acusações de que
pressionava prefeituras a assinar contratos com a Cpem. Ouvida na época, a empresa disse
que já tinha assessorado 300
prefeituras, das quais só seis tinham sido do PT. Em 1997, trabalhava para 40 (nenhuma do
PT) porque o partido não cumpria os contratos firmados.
Em julho de 1997, o partido
criou uma comissão de sindicância formada por Hélio Bicudo, José Eduardo Martins Cardozo e Paul Singer, que isentou
Lula, mas reconheceu que contratos com a Cpem tinham irregularidades, que foram denunciadas e sanadas pelas próprias prefeituras. O relatório
pediu que a comissão de ética
analisasse a atuação de Venceslau e Teixeira. Em março de
1998, o PT expulsou Venceslau,
mas inocentou Teixeira.
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