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Partido queria isentar ex-ministros
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes de chegar a um acordo
com a oposição, o PT apresentou
relatório paralelo ao da CPI, em
que contestava a existência do
mensalão e retirava da lista dos
indiciamentos os ex-ministros
Luiz Gushiken e José Dirceu, além
do ex-presidente do partido José
Genoino. O documento também
atribuía a "gênese" do "valerioduto" ao PSDB mineiro.
De acordo com o relatório do
PT, o partido não comandou um
esquema de compra de votos,
apenas repassou dinheiro de caixa dois a parlamentares da base
aliada para pagamento de dívidas
de campanha. Segundo o PT, ao
contrário do que afirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o caixa dois
não teve origem em fontes públicas, mas em empréstimos obtidos
pelas agências de Marcos Valério.
"O relatório não apresenta provas que indiquem a existência do
mensalão. Utilizou-se o relator de
ilações, "estranhezas", suspeitas,
para chegar a conclusões sem base em fatos", diz o texto petista.
Serraglio havia classificado de
"farsa" a versão de que o esquema
de Valério se resumia ao caixa
dois. O PT argumentou que não
houve coincidências entre a distribuição de recursos de caixa
dois e a filiação de deputados a
partidos da base aliada nem com
votações no Congresso.
O partido lembrou que em 1998
a DNA (agência da qual Valério
foi sócio) obteve um empréstimo
de cerca de R$ 9 milhões para repassar à campanha do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), à reeleição. "Os empréstimos bancários, garantidos a
partir de contratos de publicidade
oficiais ou não, foram a saída encontrada para efetuar tais financiamentos. A estrutura é exatamente a mesma repetida anos
mais tarde para financiar o PT e
outros partidos", diz o texto.
No relatório final, Serraglio citou os 17 deputados beneficiários
do mensalão, com a proposta de
encaminhar os nomes ao Ministério Público, para que aprofundasse as investigações. O PT incluiu
os deputados mineiros Custódio
Mattos (PSDB), Romel Anízio
(PP) e José Militão (PTB), que admitiram ter utilizado caixa dois da
campanha de Azeredo.
O partido tirou os pedidos de
indiciamento de Dirceu, Gushiken e Genoino, feitos por Serraglio -pediu apenas que o Ministério Público os investigue. Incluiu, porém, o banqueiro Daniel
Dantas, do Opportunity.
Segundo o PT, não é possível
concluir que o Fundo Visanet, gerido parcialmente pelo Banco do
Brasil, alimentou o "valerioduto".
O PT levantou indícios, contudo,
que empresas administradas pelo
Opportunity, como a Telemig,
poderiam ter sido fonte de recursos do esquema de Valério.
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