São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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Partido queria isentar ex-ministros

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes de chegar a um acordo com a oposição, o PT apresentou relatório paralelo ao da CPI, em que contestava a existência do mensalão e retirava da lista dos indiciamentos os ex-ministros Luiz Gushiken e José Dirceu, além do ex-presidente do partido José Genoino. O documento também atribuía a "gênese" do "valerioduto" ao PSDB mineiro.
De acordo com o relatório do PT, o partido não comandou um esquema de compra de votos, apenas repassou dinheiro de caixa dois a parlamentares da base aliada para pagamento de dívidas de campanha. Segundo o PT, ao contrário do que afirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o caixa dois não teve origem em fontes públicas, mas em empréstimos obtidos pelas agências de Marcos Valério.
"O relatório não apresenta provas que indiquem a existência do mensalão. Utilizou-se o relator de ilações, "estranhezas", suspeitas, para chegar a conclusões sem base em fatos", diz o texto petista.
Serraglio havia classificado de "farsa" a versão de que o esquema de Valério se resumia ao caixa dois. O PT argumentou que não houve coincidências entre a distribuição de recursos de caixa dois e a filiação de deputados a partidos da base aliada nem com votações no Congresso.
O partido lembrou que em 1998 a DNA (agência da qual Valério foi sócio) obteve um empréstimo de cerca de R$ 9 milhões para repassar à campanha do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), à reeleição. "Os empréstimos bancários, garantidos a partir de contratos de publicidade oficiais ou não, foram a saída encontrada para efetuar tais financiamentos. A estrutura é exatamente a mesma repetida anos mais tarde para financiar o PT e outros partidos", diz o texto.
No relatório final, Serraglio citou os 17 deputados beneficiários do mensalão, com a proposta de encaminhar os nomes ao Ministério Público, para que aprofundasse as investigações. O PT incluiu os deputados mineiros Custódio Mattos (PSDB), Romel Anízio (PP) e José Militão (PTB), que admitiram ter utilizado caixa dois da campanha de Azeredo.
O partido tirou os pedidos de indiciamento de Dirceu, Gushiken e Genoino, feitos por Serraglio -pediu apenas que o Ministério Público os investigue. Incluiu, porém, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
Segundo o PT, não é possível concluir que o Fundo Visanet, gerido parcialmente pelo Banco do Brasil, alimentou o "valerioduto". O PT levantou indícios, contudo, que empresas administradas pelo Opportunity, como a Telemig, poderiam ter sido fonte de recursos do esquema de Valério.


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