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Para oposição, CPI no Senado é "inevitável"
Presidente da Casa, Garibaldi Alves afirmou que vai formalizar instalação na terça, com a leitura do requerimento em plenário
Líderes do PSDB e do DEM querem comissão só no Senado para driblar ampla maioria do governo na CPI mista, já em andamento
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes de oposição classificaram ontem como "inevitável" a necessidade de instalação
de uma CPI exclusiva no Senado para investigar o uso de cartões corporativos pelo governo.
O presidente da Casa, Garibaldi
Alves Filho (PMDB-RN), concordou e disse que vai formalizar a instalação da comissão
com a leitura do seu requerimento em plenário na terça.
A Folha publicou ontem cópia dos registros do arquivo de
computador em que foram listados os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da sua mulher, Ruth, e de
ministros tucanos. O documento demonstra a data em
que o material começou a ser
produzido (11 de fevereiro de
2008) e que foi salvo na rede de
computadores da Casa Civil.
"Essas novas informações só
fazem contribuir para um clima favorável para essa nova
CPI", disse Garibaldi. "Por isso
entendo que não há como segurar [a CPI]. Ela é inevitável
pelo simples fato de que vou lê-la de qualquer maneira na terça-feira", afirmou.
O presidente do Senado disse, no entanto, estar preocupado com o ritmo dos trabalhos
na Casa. "Sempre defendi a investigação, mas preferiria que
não houvesse mais uma CPI.
Não sei como vamos conviver
com essas CPI mais as votações
de medidas provisórias", disse.
"Pode resultar num processo
tumultuado que não ajuda a investigação."
O líder do DEM no Senado,
José Agripino (RN), disse que
vai cobrar de Garibaldi o compromisso de criar a CPI . "Na
comissão mista, a base aliada
ao governo não quer investigar
nada", disse. "Agora, com essas
novas informações da Folha, a
CPI exclusiva não é só necessária, é imperiosa."
Para o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM), a entrevista coletiva da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre
a reportagem da Folha não esclareceu totalmente os fatos.
"A tese dela dá para produzir
um filme de Spielberg", ironizou o senador, referindo-se ao
cineasta norte-americano famoso por seus filmes de fantasia. "Se ela está tão segura, por
que não vem à CPI?"
O tucano afirmou que, em
uma CPI formada apenas por
senadores, a distribuição de
forças vai ser mais equilibrada,
já que a diferença entre o número de integrantes da base
aliada e da oposição é menor.
"Além disso, mesmo que alguns requerimentos sejam rejeitados na comissão, vamos
recorrer para que sejam votados em plenário também. Os
bonitões e os simpaticões vão
ter de dizer por que não estão
querendo investigar", disse.
Integrante da base aliada na
CPI mista, o deputado Paulo
Teixeira (PT-SP) criticou os senadores que pedem a CPI exclusiva. "Eles estão se sentindo
derrotados politicamente. Nós
ainda temos muito trabalho
pela frente", disse. "Isso é desespero de quem não sabe perder", completou o deputado
Carlos Willian (PTC-MG), outro governista.
O requerimento para a CPI
exclusiva no Senado foi apresentado em 19 de fevereiro como forma de pressionar os governistas para dividirem o comando da CPI mista (composta por deputados e senadores),
o que fez com que a senadora
Marisa Serrano (PSDB-MS) ficasse com a presidência da comissão e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), com a relatoria.
Diante das dificuldades em
aprovar requerimentos na CPI
mista, a oposição do Senado
voltou a defender a CPI exclusiva na Casa. Na comissão, os
governistas têm ampla maioria
porque, na Câmara dos Deputados, a base aliada também é
proporcionalmente maior.
Na última quinta-feira por
exemplo, os deputados que
apóiam o governo conseguiram
rejeitar na comissão mista 29
requerimentos que pediam
convocações de autoridades do
governo. Entre eles, estava o
pedido de audiência com Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil. Ela deu a ordem para que o dossiê contra
FHC fosse produzido.
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