São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Abril vermelho

Depois de assistirem em março a uma queda média de 14,7%, em relação ao mesmo período do ano passado, nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios, as prefeituras iniciam abril com um um prognóstico desalentador do Tesouro: novo mergulho, desta vez de 10%. O valor foi calculado antes de o governo prorrogar a redução do IPI para o setor automobilístico, ou seja, levou em conta uma expectativa de arrecadação que não vai se concretizar.
Enquanto a área econômica promete para esta semana algum alívio, porém focalizado nos pequenos municípios, mais dependentes do FPM, assessores diretamente envolvidos na pré-candidatura de Dilma Rousseff se alarmam. Sabem o quanto os prefeitos podem ajudar -ou atrapalhar- a ministra em 2010.



O filho é teu. A oposição quer mudar o item do pacote habitacional que estabelece as prefeituras como local de credenciamento dos futuros mutuários. Prefere que isso seja feito em agências da Caixa Econômica Federal, de modo a responsabilizar o governo por eventuais atrasos na entrega das casas.

Fênix. A chapa puro-sangue Serra-Aécio, que estava praticamente descartada nas conversas sobre 2010, voltou a ser defendida com entusiasmo por alguns tucanos. Não necessariamente ligados ao governador de São Paulo.

Aperto de crédito. Um experiente arrecadador de recursos para campanhas constata: o pânico gerado entre os doadores pelos apuros da Camargo Corrêa com a Polícia Federal dificultará enormemente a vida de quem ainda não tinha começado a forrar seu colchão para 2010.

Veloz. Está decidido que Luiz Antonio Pagot não disputará a sucessão do padrinho Blairo Maggi em Mato Grosso. O diretor-geral do Dnit, órgão que faz obras nas estradas, cumprirá missão estratégica na campanha de Dilma. E, no que depender do PR, herdará o Ministério dos Transportes quando Alfredo Nascimento sair para concorrer ao governo do Amazonas.

Classificados 1. Embora alguns defendam lançá-lo ao Planalto, Protógenes Queiroz explicou aos amigos do PSOL que, receoso da investigação sobre sua conduta à frente da Operação Satiagraha, quer imunidade, e por isso prefere disputar vaga na Câmara.

Classificados 2. Problema: em SP, ameaçará a reeleição de Ivan Valente; no Rio, a de Chico Alencar. A ideia hoje é lançar o delegado pelo DF.

Camuflagem. Com a mudança para o Centro Cultural Banco do Brasil durante a reforma do Palácio do Planalto, Lula, ministros e visitantes reclamam da falta de privacidade: não há garagem subterrânea, e os jornalistas têm livre acesso a quem chega. Como paliativo, foi providenciada uma cerca viva na entrada.

Paradão. Anunciada por José Sarney (PMDB-AP) como ponto de partida para a reforma administrativa do Senado, a auditoria da Fundação Getúlio Vargas na estrutura de funcionamento da Casa por enquanto se resume a um protocolo de intenções. Não foi firmado contrato ou convênio com a instituição -requisito para que possam ser efetuados os pagamentos.

O círculo. Com a ida de Shalom Granado para a advocacia-geral do Senado, a diretoria de Controle Interno será assumida por Alberto Cascais. Este era o advogado-geral na época do caso Renan Calheiros (PMDB-AL), quando deu vários pareceres favoráveis ao então presidente da Casa. É mais um da turma do ex-diretor-geral Agaciel Maia.

Híbrido. Em virtude da manutenção praticamente intocada do grupo de altos funcionários comandado durante 14 anos por Agaciel Maia, o novo diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, ganhou dos servidores mais antigos o apelido de "Agazineo".

Tiroteio

"Pode ser chique emprestar dinheiro ao FMI, mas nobre mesmo seria socorrer as 5.000 prefeituras que estão com o caixa vazio."

Do deputado EDUARDO GOMES (PSDB-TO), ligando afirmação feita por Lula em Londres à crise causada pela queda nos repasses do FPM.

Contraponto

Primeira base

Meses atrás, quando se discutia mais frequentemente a possibilidade de alterar a Constituição para permitir a Lula disputar um terceiro mandato consecutivo, o deputado federal Marco Maia, petista do Rio Grande Sul, aproveitou encontro de um grupo de parlamentares governistas com o presidente para perguntar, na lata:
-Afinal, o senhor está mesmo disposto?
Com ar brincalhão, Lula deu corda ao aliado:
-Isso você precisa perguntar para a minha base...
-Que base? Os sindicatos?
-Não, a avenida Paulista- concluiu Lula, rindo.


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