São Paulo, sábado, 05 de maio de 2001

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CASO TRT

Citados podem ser "laranjas"

BC aponta 200 pessoas envolvidas em desvio

DA REDAÇÃO

Um relatório recente do Banco Central aponta que contas bancárias de cerca de 200 pessoas físicas foram beneficiárias finais do desvio de R$ 169 milhões da obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Essas contas receberam os fundos da construtora Incal, do empreiteiro Fábio Monteiro de Barros, preso em 15 de março pela Polícia Federal sob a acusação de estar envolvido no desvio.
Reportagem apresentada pelo "Jornal Nacional", ontem à noite, mostrava os principais beneficiados. Muitas das contas estão registradas em nome de "laranjas" ou com documentação falsa.
O maior beneficiário seria o gerente de restaurante Antônio de Mello Araújo, que teria recebido R$ 2 milhões. Apesar de o endereço registrado no banco ser de sua família, em Osasco, ele não mora lá e o CPF registrado não é o seu.
Segundo a reportagem, o documento pertence a Antônio Melo de Araújo, que mora em uma casa que fora alugada à Polícia Federal na época dos desvios. O fiador da casa é o delegado federal Roberto Precioso Júnior, cuja presença era uma das condições de rendição do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, em dezembro.
Após a prisão de Nicolau, o ministro da Justiça, José Gregori, classificou como "uma feliz coincidência" o fato de Precioso ser próximo ao juiz aposentado e a seu advogado, Alberto Zacharias Toron. Nicolau o conheceria desde quando era juiz trabalhista e Toron teria trabalhado com ele no combate ao narcotráfico.
Débora Ormay Moles, que segundo o relatório do BC teria recebido R$ 900 mil em uma conta em Foz do Iguaçu (PR), afirmou ao "Jornal Nacional" que não sabia nada sobre o assunto e que nunca havia tido todo esse dinheiro.
Dois outros beneficiados, Felipe Monteiro Marcondes e Mariano Cardoso Alves, teriam contas bancárias em Ponta Porã (MS). Eles teriam recebido, respectivamente, cerca de R$ 1 milhão e R$ 400 mil.
O juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto e os empresários Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Teixeira Ferraz estão presos em um prédio da Polícia Federal no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Por não terem curso superior, Monteiro de Barros e Ferraz estão presos em cela comum. Eles tiveram negado, em março, pedido de habeas corpus encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça.


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