São Paulo, sábado, 05 de maio de 2001

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PARANÁ

Antônio Belinati, prefeito cassado de Londrina, e seis outras pessoas são acusados de peculato e lavagem de dinheiro

Justiça determina prisão de ex-prefeito

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O juiz da 4ª Vara Criminal de Londrina, Arquelau Araújo Ribas, decretou ontem a prisão preventiva do ex-prefeito de Londrina Antônio Belinati (PFL) e outras seis pessoas por crimes de peculato, formação de quadrilha, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
Cassado em junho de 2000 por improbidade administrativa, Belinati é marido da vice-governadora do Paraná, Emília Belinati (PTB). O ex-prefeito foi preso às 10h45 da manhã em sua casa, no centro de Londrina.
Além de Belinati, foram presos o ex-secretário de Administração engenheiro Wilson Mandeli e o ex-presidente da Sercomtel (empresa municipal de telefonia) Rubens Pavan. Este foi detido em São Paulo ao desembarcar no aeroporto de Congonhas.
Até o final da tarde de ontem, eram considerados foragidos pela polícia o tesoureiro particular de Belinati, Casemiro "Carlos Jr." Zaverucha e o ex-secretário de Governo Gino Azzolini Neto, sobrinho do ex-prefeito.
Os empresários Arion Cruz Santos e Solano da Ross teriam sido presos em Curitiba. Até o final da tarde, a Polícia Civil do Paraná não confirmava, oficialmente, a prisão dos empresários.
As prisões fazem parte de ação criminal do Ministério Público do Paraná referente a 13 licitações falsas em 21 de janeiro de 1999. O Ministério Público apurou que nesse dia foi desviado R$ 1,7 milhão das autarquias municipais Ama (Autarquia do Meio Ambiente) e Comurb (Companhia Municipal de Urbanização) para ressarcir gastos com campanhas eleitorais de 1998.
A promotora Solange Vicentin disse ontem que as penas acumuladas pelos crimes atribuídos aos acusados variam de nove anos a 31 anos de prisão.
No total, o Ministério Público do Paraná apura responsabilidades em desvios já comprovados de R$ 16 milhões e investiga gastos de R$ 115 milhões sem comprovação legal. Em várias ações penais, os promotores Solange Novaes Vicentin, Bruno Galatti e Cláudio Esteves já bloquearam bens de 118 pessoas.
Entre elas, estão o prefeito Belinati, a vice-governadora Emília Belinati, o filho do casal, deputado estadual Antônio Carlos Belinati (PSL), e o deputado federal José Janene (PPB).
Emília e os dois deputados são acusados de se beneficiarem do desvio de dinheiro durante a campanha eleitoral de 1998.
A Agência Folha apurou que Janene e o filho de Belinati não foram incluídos na ação. Eles têm fórum privilegiado devido a seus mandatos.

Tumulto
A prisão de Belinati causou um princípio de tumulto na 10ª Delegacia de Polícia de Londrina. O ex-prefeito foi ofendido por dezenas de pessoas que se aglomeraram em frente à delegacia.
A reação popular fez com que o ex-prefeito desistisse de fazer uma declaração à imprensa, como havia prometido ao chegar à prisão. A multidão também fez com que o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Gilson Garret, transferisse o ex-prefeito para o 2º Distrito Policial.
Sem curso superior, Belinati dividia uma cela com o engenheiro Wilson Mandeli, seu ex-secretário de Administração. No final da tarde, a Justiça acatou pedido do advogado de Pavan, Gilberto Baumann de Lima, de prisão domiciliar para seu cliente, que tem problemas cardíacos. Pavan será transferido de São Paulo para Londrina na próxima semana.


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