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PARANÁ
Antônio Belinati, prefeito cassado de Londrina, e seis outras pessoas são acusados de peculato e lavagem de dinheiro
Justiça determina prisão de ex-prefeito
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O juiz da 4ª Vara Criminal de
Londrina, Arquelau Araújo Ribas, decretou ontem a prisão preventiva do ex-prefeito de Londrina Antônio Belinati (PFL) e outras seis pessoas por crimes de peculato, formação de quadrilha,
falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
Cassado em junho de 2000 por
improbidade administrativa, Belinati é marido da vice-governadora do Paraná, Emília Belinati
(PTB). O ex-prefeito foi preso às
10h45 da manhã em sua casa, no
centro de Londrina.
Além de Belinati, foram presos
o ex-secretário de Administração
engenheiro Wilson Mandeli e o
ex-presidente da Sercomtel (empresa municipal de telefonia) Rubens Pavan. Este foi detido em
São Paulo ao desembarcar no aeroporto de Congonhas.
Até o final da tarde de ontem,
eram considerados foragidos pela
polícia o tesoureiro particular de
Belinati, Casemiro "Carlos Jr."
Zaverucha e o ex-secretário de
Governo Gino Azzolini Neto, sobrinho do ex-prefeito.
Os empresários Arion Cruz
Santos e Solano da Ross teriam sido presos em Curitiba. Até o final
da tarde, a Polícia Civil do Paraná
não confirmava, oficialmente, a
prisão dos empresários.
As prisões fazem parte de ação
criminal do Ministério Público do
Paraná referente a 13 licitações
falsas em 21 de janeiro de 1999. O
Ministério Público apurou que
nesse dia foi desviado R$ 1,7 milhão das autarquias municipais
Ama (Autarquia do Meio Ambiente) e Comurb (Companhia
Municipal de Urbanização) para
ressarcir gastos com campanhas
eleitorais de 1998.
A promotora Solange Vicentin
disse ontem que as penas acumuladas pelos crimes atribuídos aos
acusados variam de nove anos a
31 anos de prisão.
No total, o Ministério Público
do Paraná apura responsabilidades em desvios já comprovados
de R$ 16 milhões e investiga gastos de R$ 115 milhões sem comprovação legal. Em várias ações
penais, os promotores Solange
Novaes Vicentin, Bruno Galatti e
Cláudio Esteves já bloquearam
bens de 118 pessoas.
Entre elas, estão o prefeito Belinati, a vice-governadora Emília
Belinati, o filho do casal, deputado estadual Antônio Carlos Belinati (PSL), e o deputado federal
José Janene (PPB).
Emília e os dois deputados são
acusados de se beneficiarem do
desvio de dinheiro durante a campanha eleitoral de 1998.
A Agência Folha apurou que Janene e o filho de Belinati não foram incluídos na ação. Eles têm
fórum privilegiado devido a seus
mandatos.
Tumulto
A prisão de Belinati causou um
princípio de tumulto na 10ª Delegacia de Polícia de Londrina. O
ex-prefeito foi ofendido por dezenas de pessoas que se aglomeraram em frente à delegacia.
A reação popular fez com que o
ex-prefeito desistisse de fazer
uma declaração à imprensa, como havia prometido ao chegar à
prisão. A multidão também fez
com que o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Gilson
Garret, transferisse o ex-prefeito
para o 2º Distrito Policial.
Sem curso superior, Belinati dividia uma cela com o engenheiro
Wilson Mandeli, seu ex-secretário
de Administração. No final da tarde, a Justiça acatou pedido do advogado de Pavan, Gilberto Baumann de Lima, de prisão domiciliar para seu cliente, que tem problemas cardíacos. Pavan será
transferido de São Paulo para
Londrina na próxima semana.
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