São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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SOMBRA NO TUCANATO

Presidente do partido diz que Ricardo Sérgio não fala por tucanos; Serra e FHC não se manifestaram

PSDB vê campanha "infamante" contra Serra

KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP), diz que o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, não fala em nome de tucanos. Ele vê campanha "infamante" contra o partido e o pré-candidato ao Planalto, José Serra.
Anibal afirma que o presidente Fernando Henrique Cardoso não mandou investigar o suposto pedido de propina porque era "um rumor". Diz que Serra não desistirá da candidatura. Por último, separando o pré-candidato de seu antigo arrecadador de recursos, declara que Serra e Ricardo Sérgio não têm relações faz tempo.
Até as 13h de ontem, Serra e FHC não se manifestaram sobre a reportagem da revista "Veja" segundo a qual o ex-diretor do BB pediu 15 milhões de reais ou de dólares para ajudar o empresário Benjamin Steinbruch a formar o consórcio que comprou a Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997.

Descolamento
Segundo o presidente do PSDB, Ricardo Sérgio, arrecadador de recursos de campanhas políticas de FHC (94 e 98) e de Serra (90 e 94), "não tem autoridade moral para falar em nome de tucanos".
Aníbal afirma que "nunca o PSDB pediu propina" para favorecer empresários com interesses no governo. "Esse sr. [Ricardo Sérgio" negou ter feito pedido de propina em nome de tucanos, mas, se o fez, pode perfeitamente ter mentido", diz Aníbal, referindo-se à reportagem de "Veja"
Segundo Aníbal, FHC não mandou investigar o suposto pedido de propina "porque se tratava de um rumor".
Indagado se o fato de em 1998 o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ter relatado a FHC a existência do suposto pedido, citando que ouvira a história de Steinbruch, não exigiria providências, Aníbal afirmou:
"O presidente não podia agir em cima de rumores, em cima de boataria. Sempre que teve indício de algo, mandou apurar com todo o rigor. Nunca um governo investigou tanto e combateu tanto a corrupção. Por que a palavra desse Mendonça vale mais que a palavra do presidente? O que o presidente diz? Que não se recorda de ter tido esse diálogo com o Mendonça. Pronto. Esse Mendonça de Barros é um celerado. É um lingueta, já falou essa história de Steinbruch para todo o lado."

Campanha
"Existe uma campanha infamante de certos setores da política e da mídia contra o PSDB e o Serra. Há uma recusa desses setores em aceitar que o PSDB faz governo limpo, sem mancha moral. Esses não aceitam que o projeto de modernização do país avance", diz o presidente do PSDB.
Segundo Aníbal, Serra não será substituído pelo ex-governador do Ceará Tasso Jereissati ou pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), devido a eventuais pressões desencadeadas pela repercussão da reportagem da revista. "Serra é o candidato do PSDB e ponto. Não será substituído. O Serra é honesto."
"Que apresentem provas e saiam de insinuações sobre a conduta moral e ética de dois homens públicos exemplarmente honestos como o Fernando Henrique e o Serra", disse Aníbal.
O presidente do PSDB afirma que Ricardo Sérgio já saiu do governo e que, se tiver feito algo errado, deverá ser investigado. "Não temos nenhuma complacência com pedido de propina ou qualquer outra forma de corrupção", declarou.
Aníbal foi enfático ao ressaltar que o pré-candidato e o ex-diretor do BB não têm mais relações. Indicado para o governo pelo ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho, Ricardo Sérgio recebeu aval de Serra para ocupar uma diretoria no banco.
"Repito: o Serra não tem relações com esse sr. [Ricardo Sérgio". Ele participou do governo, já saiu e não tem procuração para falar em nome de tucanos, se é que falou."
Aníbal diz desconhecer a suposta contribuição de campanha de R$ 2 milhões feita pelo empresário Carlos Jereissati que não teria sido registrada oficialmente, o que seria um caixa dois.
"Desconheço. Se alguém provar algo, Serra terá como explicar. O nosso candidato tem uma vida marcada pela honestidade. Isso é algo que jamais vão tirar dele", afirma o presidente do PSDB.


Colaborou MÔNICA BERGAMO, colunista da Folha



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