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General quer lei prisional mais dura
DA REPORTAGEM LOCAL
O general Francisco Roberto de
Albuquerque, 65, defende, como
ações estratégicas contra o crime
organizado, não a colocação de
tropas na rua, mas "a intensificação do combate à lavagem do dinheiro, o aperfeiçoamento dos
sistemas de inteligência, o endurecimento da legislação prisional
e medidas sociais" de impacto na
saúde e na educação. Ele foi escolhido por Lula para assumir o Comando do Exército pelo critério
da antiguidade entre os militares.
Ex-chefe do Comando Militar
do Sudeste, Albuquerque trabalhou no governo José Sarney
(1985-1990) diretamente com o
então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, dos primeiros apoiadores de Lula entre
os militares no ano passado. Ele
respondeu por escrito a questões
propostas pela Folha.
(PF)
Folha - Por que o Exército quer
ver "aliviada" a solicitação de suas
tropas na segurança pública?
Francisco Roberto de Albuquerque - O Exército continua apto e
pronto a prosseguir cooperando
com os organismos policiais, federais e estaduais, em cumprimento às diretrizes do presidente
da República, com mais vocação
no apoio logístico e nas ações integradas de inteligência, de modo
a recuperar e manter um nível de
segurança pública que garanta
tranquilidade à população.
Agora é aconselhável que sejam
desencadeadas ações enérgicas
em dois níveis. No nível operacional, o fortalecimento das polícias,
nas esferas federal e estadual.
No nível estratégico, de envergadura e alcance maiores, incluem-se medidas que se encontram no Congresso, visando aperfeiçoamentos legais, capazes de
conferir maior eficácia aos aparatos preventivos e repressivos.
Ainda no rol das ações estratégicas, poderíamos incluir a intensificação do combate à lavagem do
dinheiro, o aperfeiçoamento dos
sistemas de inteligência, com o
apoio de modernos meios computacionais, o endurecimento da
legislação prisional, e, por último
e de grande importância, medidas
sociais, com impacto nos índices
de educação, saúde pública, habitação, saneamento e emprego, as
quais vêm sendo priorizadas pelo
atual governo com destaque especial para o Programa Fome Zero.
Folha - Por que o sr. prevê "o aumento de contenciosos" envolvendo o Brasil?
Albuquerque - É natural que,
diante do promissor crescimento
econômico e da inegável expressão geopolítica do país, ocupemos
uma posição de relevo no cenário
mundial. Assim sendo, o governo
brasileiro terá de se pronunciar,
por vezes em desacordo a interesses de outras nações, nos campos
político e econômico, enfrentando consequentes pressões.
Folha - Por que o sr. prioriza as relações do Exército brasileiro com
Estados Unidos e Espanha, além
dos demais países do continente?
Albuquerque- Essa é uma tendência natural, que vai além do
projeto político. No Mercosul, especificamente no campo militar,
já temos realizado, com pleno êxito, alguns exercícios conjuntos,
com ênfase no treinamento de estados-maiores e de tropas para
participação em operações de
paz, sob a égide da ONU.
Folha - O que são os "preconceitos estereotipados" contra o Exército e os "interesses políticos conflitantes" por parte das elites a que
o sr. se refere na Diretriz de 2003?
Albuquerque - A atuação do
Exército ainda é, de maneira geral, pouco conhecida. Isso se deve,
em parte, à discrição dos próprios
militares, que não fazem alarde de
suas realizações e, por outro lado,
ao período de paz prolongado
que atravessamos, altamente desejável, mas que pode levar alguns
desavisados a questionar a importância de nossa presença.
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