|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TCU vê irregularidades em 10% dos benefícios
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Benefício de Prestação
Continuada, maior programa
de transferência de renda do
governo, teve 10% de seus benefícios com indícios de irregularidades apontados pelo TCU
(Tribunal de Contas da União).
Uma auditoria aprovada pelo
tribunal constatou que o BPC
está sendo pago a proprietários
de automóveis, terras e empresas. O TCU também identificou
475 mil CPFs inexistentes no
cadastro dos beneficiários.
O limite de renda no programa corresponde atualmente a
R$ 116,25 por mês por pessoa
da família. O BPC é pago a idosos com mais de 65 anos ou
pessoas deficientes consideradas incapazes para o trabalho.
A incapacidade deve ser atestada por perícia médica.
Embora tenha cerca da terça
parte do número de beneficiários do Bolsa Família, o BPC
tem um orçamento 60% superior ao do mais famoso programa de transferência de renda
do governo. Em 2009, o BPC
custará R$ 18,5 bilhões, enquanto os gastos do Bolsa Família são estimados em R$ 11,4
bilhões neste ano.
Ao cruzar a relação de beneficiários do BPC com bases de
dados como Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) e Rais (Relação Anual
de Informações Sociais), a auditoria do tribunal apontou indícios de erros e fraudes no público-alvo do programa.
A economia potencial prevista com a correção recomendada nos cadastros foi calculada
pelo TCU em R$ 2,5 bilhões,
em cinco anos. A auditoria não
revela a identidade dos supostos beneficiários irregulares.
O relator Augusto Nardes cita "sinais de riqueza" incompatíveis com o programa, como o
registro de um Toyota Hilux
em nome de um beneficiário.
Na semana passada, o TCU
apontou proprietários de carros de luxo entre os beneficiários do ProUni (Programa Universidade para Todos), que
banca bolsas de estudos em instituições privadas de ensino.
Cruzamento similar feito nos
cadastros do Bolsa Família será
votado pelo tribunal amanhã.
O relatório sobre o BPC considerou "graves" as falhas do
Ministério do Desenvolvimento Social, que não faz a revisão
dos benefícios a cada dois anos,
como manda a lei.
Até hoje, nenhum benefício
passou por mais de uma revisão. E parte das revisões não foi
concluída porque o ministério
nem sequer conseguiu localizar
os beneficiários.
Texto Anterior: Pagamento para deficientes e idosos supera o Bolsa Família Próximo Texto: Outro lado: Ministério diz não ter pessoal para fiscalizar Índice
|