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RS terá banco de dados próprio sobre operação
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O governo do Rio Grande do
Sul direcionou o trabalho dos
técnicos do Arquivo Público do
Estado para montar um banco
de dados próprio sobre a Operação Condor.
O objetivo é se adiantar ao
governo federal e abrir para o
público todos os documentos
existentes. A expectativa é que,
até o final deste semestre, todo
o material recolhido e sistematizado.
Como o Rio Grande do Sul
tem fronteira com Uruguai e
Argentina e está próximo do
Paraguai e do Chile, a idéia é
que as buscas de estrangeiros,
necessariamente, passavam
pela polícia local.
""É um compromisso nosso.
Somos um governo de esquerda, que tem interesse em elucidar tudo o que se refere à repressão", disse a diretora do
Arquivo Público, Isabel Almeida. O governo do Rio Grande
do Sul é administrado por Olívio Dutra (PT).
"Competências"
Desde janeiro, 14 pessoas
-incluindo dois historiadores, sete arquivistas, além de
restauradores, biólogos, técnicos em informática e estagiários- pesquisam os dados e os
separam por ""competências".
As três ""competências" são o
controle de armas, o controle
de crimes contra a economia
popular e a coleta e busca de informações.
É sobre essa terceira que os
técnicos estão voltando suas
atenções. Nela, eles estão criando uma ""subcompetência" específica para ""controle de estrangeiros".
Do trabalho feito até agora, já
surgiram novidades. Por
exemplo, foi encontrado o documento pelo qual o Dops (Departamento de Ordem Política
e Social), no dia 27 de junho de
1977, pedia ao Sops (Serviço de
Ordem Política e Social) de Lagoa Vermelha (315 km de Porto Alegre), por meio do ""Pedido de Busca 166/77", para capturar ""Adolfo Perez Esquivel,
subversivo argentino de alta
periculosidade" que ""pretende
vir para o Brasil". Em 1980, Esquivel receberia o Prêmio Nobel da Paz.
Outra descoberta feita pelos
historiadores se refere aos próprios Sops, que são departamentos semelhantes ao Dops
existentes em cada delegacia
regional.
Dos 24 Sops existentes no Estado, 9 já foram localizados e
rastreados. O Arquivo Público
pretende buscar novas informações nos outros 15.
Além do pedido de ""localização de pessoas", há vários pedidos para a polícia gaúcha ""impedir o reingresso" de pessoas
no país.
Críticas
Parentes de argentinos desaparecidos no país durante o regime militar têm feito críticas
ao governo brasileiro em razão
do que definem como ""má
vontade" para apurar os casos.
Claudia Allegrini, mulher do
desaparecido argentino Lorenzo Ismael Viñas (visto pela última vez na cidade gaúcha de
Uruguaiana, em 26 de junho de
1980), se disse "inconsolável"
com a posição do Brasil, que
afirma não existir provas da
participação brasileira na Operação Condor. ""Queremos que
os arquivos sejam abertos",
disse.
(LG)
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