SERGIO TORRES
ENVIADO A CABO FRIO

MARCELO CORTEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As denúncias de corrupção e tráfico de influência envolvendo o deputado federal Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB, atrapalharam os planos do pequeno comerciante Durval da Silva Monteiro, 53, que está em apuros financeiros apesar de ser sócio de duas rádios em cidades do interior fluminense.
Monteiro, que afirmou ter ganhado as emissoras do deputado, no final dos anos 80 e início dos 90, pretendia ir a Brasília pedir R$ 10.000 a Jefferson para "definir" sua vida, mas teve que adiar a viagem. "Vou esperar a poeira assentar", disse à Folha.
Localizado em Cabo Frio, onde é dono de duas pequenas lanchonetes, Monteiro negou ser "laranja" de Jefferson nas emissoras Matozinho FM, de Três Rios, e Rádio Clube Vale do Paraíba AM Ltda, de Paraíba do Sul, como afirma a edição desta semana da revista "Época". Segundo a revista, o deputado obteve as duas concessões durante o governo Sarney [1985-1990] e usa Monteiro para esconder seu patrimônio.
"As rádios foram presentes que o Roberto me deu. Ele deu para mim, para o Rogério [Onofre] e para o Boy [Edson Elias bastos Jorge]", disse.
Na lista do Ministério das Comunicações que traz a composição societária das empresas de radiodifusão, o empresário de Três Rios Edson Elias Bastos Jorge, o Boy, aparece como sócio de Monteiro nas duas emissoras.
O nome de Rogério Onofre, ex-prefeito de Paraíba do Sul e hoje no Detro (Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio), aparece no registro da Rádio Clube Vale do Paraíba.
Edson Jorge negou à Folha ser sócio da Rádio Clube e afirmou ter obtido a concessão da Matozinho FM, em 1988, sem nenhuma ajuda de Jefferson. "A emissora não tem nada com o Roberto Jefferson. Ele não gosta de mim e nem se dá comigo", disse.
Edson Jorge afirmou que há cerca de dois meses comprou a parte de Medeiros na Matozinho FM por R$ 5.000. " Eu já comprei a parte dele toda. Meu negócio é muito pequeno, aqui no interior do Estado", disse.
Segundo o empresário, Monteiro o procurou porque estava sem dinheiro: "Disse que queria sair do negócio da rádio e que precisava de dinheiro. Então dei R$ 5.000 em vários cheques "picados" e comprei a parte dele".
No fim da tarde de ontem, Jorge divulgou nota em que afirma que não deve mais nada a Monteiro.
Nascido em Três Rios, Durval Monteiro conheceu Jefferson em 1981 e trabalhou diretamente para ele até 1994, como segurança, motorista e funcionário de gabinete. Depois, trabalhou como camelô no Rio e em Três Rios, onde tinha uma banca de CDs. No ano passado, Monteiro mudou-se para Unamar, distrito de Cabo Frio, onde dirige duas pequenas lojas da Sorveteria e Pizzaria Mania, que lhe rendem por mês R$ 1.500.

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