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NOVA DENÚNCIA
Ex-funcionário do gabinete do petebista suspeito no caso dos Correios faz revelação para revista "Época"
Sorveteiro atua como laranja para Jefferson em duas rádios do Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Ex-funcionário do gabinete do
deputado Roberto Jefferson
(PTB) e hoje dono de uma modesta sorveteria em Cabo Frio, na
região dos Lagos do Estado do
Rio, Durval da Silva Monteiro
aparece nos registros do Ministério das Comunicações como sócio
de duas rádios nas cidades fluminenses de Três Rios e Paraíba do
Sul, redutos eleitorais de Jefferson
-pivô de denúncias de corrupção envolvendo empresas e órgãos federais como os Correios e
o IRB (Instituto de Resseguros do
Brasil).
De acordo com a edição desta
semana da revista "Época", Monteiro seria "laranja" de Jefferson
nas emissoras Matozinhos FM, de
Três Rios, e Rádio Clube, de Paraíba do Sul -concessões que o
deputado federal teria obtido no
governo Sarney (1985-1990).
Nas duas rádios, Monteiro seria
sócio do empresário de Três Rios
Edson Elias Bastos Jorge.
Localizado pela revista em Cabo
Frio, Monteiro disse que ele e Jorge ganharam a rádio de Jefferson
há cerca de 20 anos, mas que nunca recebeu dinheiro da emissora.
Afirmou não saber que era sócio
também da Rádio Clube.
À Folha, Edson Jorge, conhecido como "Boy", também negou
ser sócio da Rádio Clube. Afirmou que é inimigo político de Jefferson e que comprou a participação de Durval Monteiro na Matozinhos FM por R$ 5.000, há cerca
de dois meses.
Segundo Jorge, a transferência
de propriedade foi registrada em
cartório. "Se tivessem levantado a
vida do Durval direitinho, estaria
sabendo quem é ele. O Durval já
foi sócio meu aqui na Matozinhos
FM, mas eu já comprei a parte dele toda, paguei a ele, tudo de forma certa. Meu negócio é muito
pequeno, aqui no interior do Estado. Quem dera se eu tivesse esse
prestígio todo", disse.
Segundo o empresário, Monteiro o procurou porque estava sem
dinheiro: "Disse que queria sair
do negócio da rádio e que precisava de dinheiro. Então dei a ele
R$ 5.000 em vários cheques "picados" e comprei a parte dele. Não
tem nada a ver com o Roberto Jefferson, ele não gosta de mim, não
se dá comigo".
De acordo com a "Época",
Monteiro trabalhou diretamente
para Jefferson até 1994, como segurança, motorista e funcionário
do gabinete. Depois disso, trabalhou como camelô no Rio e em
Três Rios, onde tinha uma banca
de CDs.
No ano passado, o ex-funcionário do presidente do PTB mudou-se para Unamar, distrito de Cabo
Frio, onde dirige a Sorveteria e
Pizzaria Mania, uma construção
pequena, à beira de uma estrada.
"A rádio [Matozinhos] é minha.
Ele [Jefferson] jamais ganhou nada com essas rádios", disse Monteiro à "Época".
Ele contou que conheceu Roberto Jefferson ainda nos anos 70,
quando o hoje deputado federal
trabalhava no departamento de
pessoal da fábrica de sorvetes Kibon, e Monteiro era provador de
sorvetes. Quando Jefferson foi
eleito para seu primeiro mandato
como deputado federal, em 1983,
Monteiro foi trabalhar em seu gabinete.
Champanhe
O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) não quis conceder entrevistas ontem.
Por meio de sua assessoria, apenas afirmou: "Vou falar, sim, mas
no momento certo".
Jefferson passou a manhã no
apartamento funcional em que
mora, na Asa Norte de Brasília,
lendo jornais e falando ao telefone
com amigos. Por volta do meio-dia, ciente da presença de jornalistas na portaria do prédio, providenciou uma cena insólita: enviou um porteiro com duas garrafas de champanhe e dez taças.
As garrafas foram devolvidas fechadas.
O líder da minoria (oposição)
na Câmara, José Carlos Aleluia
(PFL-BA), disse ontem que a Casa
deve abrir uma investigação no
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para apurar indícios de irregularidades cometidas pelo deputado Roberto Jefferson.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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