|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF indicia irmão de Lula por tráfico de influência
Polícia faz busca e apreensão na casa de Vavá; na Índia, presidente mostra irritação
Operação Xeque-Mate prende 77 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos
caça-níqueis e a esquema de corrupção de policiais
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Federal fez busca e
apreensão na casa de Genival
Inácio da Silva, o Vavá, irmão
mais velho do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em São
Bernardo do Campo. Ele foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração
de prestígio no Judiciário.
A ação fez parte da Operação
Xeque-Mate, que prendeu ontem, até o fim da tarde, 77 pessoas acusadas de pertencer à
máfia dos caça-níqueis e a um
esquema de corrupção de policiais militares e civis. Oito pessoas estavam foragidas.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que estava na Índia, reagiu com
grande irritação ao ser informado da inclusão de seu irmão
na investigação da PF. Ele reclamou por não ter sido avisado com antecedência e disse a
auxiliares que já havia pedido
ao irmão que tomasse cuidado
para não comprometê-lo. Vavá
já foi motivo de constrangimento para Lula em 2005.
A PF pediu a prisão de Vavá.
A Justiça indeferiu o pedido
alegando que o tráfico de influência e a exploração de prestígio não beneficiaram a máfia
dos caça-níqueis e que ele não
faria parte da quadrilha. A polícia investiga um suposto pagamento a Vavá pelo candidato
derrotado a deputado federal
Nilton Cézar Servo (PSB-MS),
que está foragido. Ontem Vavá
não falou sobre o caso.
Segundo a PF, Servo era sócio de Dario Morelli Filho em
uma casa de jogos na Baixada
Santista. Funcionário da Assembléia Legislativa de São
Paulo de 1999 a 2002, Dario foi
preso e indiciado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Os presos são acusados de
contrabando de componentes
eletrônicos para caça-níqueis,
corrupção e tráfico de drogas.
O esquema dos caça-níqueis
movimentava R$ 250 mil por
dia, segundo relato da PF.
No total, foram 120 mandados de busca e apreensão, além
das prisões em Mato Grosso do
Sul, São Paulo, Paraná, Mato
Grosso, Rondônia, Minas Gerais e Distrito Federal. Do total
de prisões, 56 ocorreram em
Mato Grosso Sul, 16 em São
Paulo e o restante no Distrito
Federal e demais Estados.
"Temos alguns casos sobre
exploração de prestígio e tráfico de influência, mas [o processo] corre em segredo de Justiça", afirmou o delegado Alexandre Custódio ao ser questionado se havia participação
de políticos no esquema.
Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, avisou o Palácio do Planalto sobre o envolvimento de Vavá na operação.
A PF disse ter identificado
cinco organizações criminosas
dentro do esquema desmontado ontem. "Três coronéis da
PM [presos na operação] já
eram até donos de máquinas",
disse o delegado Custódio.
O grupo criminoso importava ilegalmente componentes
eletrônicos e montava caça-níqueis em São Paulo e Mato
Grosso do Sul. Para evitar a
apreensão das máquinas, pagavam propinas a policiais, incluindo um delegado da Polícia
Civil em Mato Grosso do Sul.
No total, 14 policiais do Estado
foram presos.
No grupo ainda atuavam seis
advogados, entre eles Nilton
Cezar Servo e o empresário Jamil Name Filho, sobrinho do
presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Jerson Domingos (PMDB). A lista ainda
incluiu o ex-deputado estadual
Roberto Razuk. A família de
Name disse que atua legalmente no setor de jogos. Domingos
preferiu não comentar. A reportagem não localizou os advogados de Servo.
Colaborou KENNEDY ALENCAR , enviado especial a Nova Déli
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Memória: Suspeita sobre Vavá remonta ao 1º mandato Índice
|