São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2000


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QUESTÃO AGRÁRIA
Os R$ 2,1 bilhões anunciados estão previstos no Orçamento
Pacote para sem-terra não inclui investimentos novos

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pacote de R$ 2,1 bilhões anunciado anteontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para tentar conter mais uma onda de manifestações do MST não representa investimento extra do governo em 2000, segundo documento do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
São recursos cuja liberação já está autorizada pelo Orçamento da União. Em alguns casos, programas de outros ministérios ganharam um foco especial para beneficiar famílias assentadas.
O conjunto de medidas anunciadas pelo governo atende pelo sugestivo nome de ""agenda positiva".
A expectativa do ministério é que a maior parte do dinheiro seja liberada até o final do ano. Uma parcela dos recursos referentes à construção de moradias para 70 mil famílias e à instalação de energia elétrica e telefones na área rural será investida até o final do mandato de FHC, em 2002.
A maior fatia do dinheiro (R$ 805 milhões) é destinada ao assentamento de 90 mil famílias, o que significa a manutenção da meta anteriormente definida pelo governo.
Foi a pressa em divulgar medidas de impacto a origem do mal-entendido que quase azeda as negociações do governo com o MST. Segundo o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), o governo optou por divulgar cinco medidas de impacto e deixar para a reunião marcada para o dia 20 a resposta detalhada às 51 reivindicações apresentadas pelo MST.
Jungmann informou ontem que outros pontos da pauta do MST, de menor impacto, também serão considerados. O ministro teria se recusado a antecipar a resposta do governo aos líderes do movimento anteontem por uma questão de estratégia. ""São artifícios de negociação", disse.
O ministro acredita que, apesar de uma primeira reação negativa de líderes do movimento ao pacote, as negociações caminham bem. Prova disso, citou Jungmann, foi o fim da ameaça de invasão da fazenda da família de FHC, no município mineiro de Buritis, no início da noite de ontem. Esse teria sido um dos compromissos que os líderes do MST assumiram com Jungmann.
Uma operação comandada pelo Palácio do Planalto tratou de contornar o mal-entendido na negociação com o MST.
Mas um novo equívoco na explicação das medidas anunciadas na véspera por pouco não provoca um desastre nas negociações. Um documento divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário apontou 897.158 famílias como beneficiárias potenciais do pacote do governo.
""Desconsidere isso", disse Jungmann. O número está errado. Ele supera o número de famílias assentadas desde o início do programa de reforma agrária.


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