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QUESTÃO AGRÁRIA
Os R$ 2,1 bilhões anunciados estão previstos no Orçamento
Pacote para sem-terra não inclui investimentos novos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pacote de R$ 2,1 bilhões anunciado anteontem pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso para
tentar conter mais uma onda de
manifestações do MST não representa investimento extra do governo em 2000, segundo documento do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
São recursos cuja liberação já
está autorizada pelo Orçamento
da União. Em alguns casos, programas de outros ministérios ganharam um foco especial para beneficiar famílias assentadas.
O conjunto de medidas anunciadas pelo governo atende pelo
sugestivo nome de ""agenda positiva".
A expectativa do ministério é
que a maior parte do dinheiro seja
liberada até o final do ano. Uma
parcela dos recursos referentes à
construção de moradias para 70
mil famílias e à instalação de energia elétrica e telefones na área rural será investida até o final do
mandato de FHC, em 2002.
A maior fatia do dinheiro (R$
805 milhões) é destinada ao assentamento de 90 mil famílias, o
que significa a manutenção da
meta anteriormente definida pelo
governo.
Foi a pressa em divulgar medidas de impacto a origem do mal-entendido que quase azeda as negociações do governo com o
MST. Segundo o ministro Raul
Jungmann (Desenvolvimento
Agrário), o governo optou por divulgar cinco medidas de impacto
e deixar para a reunião marcada
para o dia 20 a resposta detalhada
às 51 reivindicações apresentadas
pelo MST.
Jungmann informou ontem que
outros pontos da pauta do MST,
de menor impacto, também serão
considerados. O ministro teria se
recusado a antecipar a resposta
do governo aos líderes do movimento anteontem por uma questão de estratégia. ""São artifícios de
negociação", disse.
O ministro acredita que, apesar
de uma primeira reação negativa
de líderes do movimento ao pacote, as negociações caminham
bem. Prova disso, citou Jungmann, foi o fim da ameaça de invasão da fazenda da família de
FHC, no município mineiro de
Buritis, no início da noite de ontem. Esse teria sido um dos compromissos que os líderes do MST
assumiram com Jungmann.
Uma operação comandada pelo
Palácio do Planalto tratou de contornar o mal-entendido na negociação com o MST.
Mas um novo equívoco na explicação das medidas anunciadas
na véspera por pouco não provoca um desastre nas negociações.
Um documento divulgado pelo
Ministério do Desenvolvimento
Agrário apontou 897.158 famílias
como beneficiárias potenciais do
pacote do governo.
""Desconsidere isso", disse Jungmann. O número está errado. Ele
supera o número de famílias assentadas desde o início do programa de reforma agrária.
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