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São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

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PERSONALIDADE

Jornalista começou no "Última Hora" e depois criou o "Zero Hora"

Ary Carvalho, de "O Dia", morre aos 69

MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO

O jornalista Ary Carvalho, presidente do Grupo de Comunicação O Dia, que edita o diário carioca "O Dia", morreu ontem, às 3h20, no hospital Samaritano, no Rio, de falência múltipla dos órgãos. Carvalho tinha 69 anos e estava internado desde 21 de maio, quando sofreu derrame cerebral.
O corpo de Ary Carvalho foi velado durante parte da manhã e toda a tarde de ontem na sede do parque gráfico de "O Dia", no bairro de Benfica (zona norte). Após a missa, o corpo do jornalista foi conduzido ao Memorial do Carmo no cemitério do Caju (zona norte), onde foi cremado.
O velório, acompanhado por cerca de 300 pessoas, teve a presença de personalidades da política, de artistas e de empresários do setor de comunicação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo ministro das Comunicações, Miro Teixeira, que já foi repórter de "O Dia".
"O Ary era um repórter que virou dono de jornal. Mas a cabeça dele ainda era de repórter. Ele gostava de sentar e discutir a notícia, discutir um furo que o seu jornal deu ou levou, discutir uma suíte bem feita. É uma grande perda para o Brasil", disse o ministro.
O ex-governador e atual secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, representou a governadora Rosinha Matheus (PSB) no velório. Único a chegar ao local de helicóptero, Garotinho provocou certo constrangimento quando o vento produzido pelas hélices do aparelho derrubou as coroas de flores que estavam alinhadas na entrada do salão onde o velório foi realizado.
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), foi um dos primeiros a chegar. Também compareceram o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), o senador Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), os deputados federais Francisco Dornelles (PP-RJ) e Alexandre Cardoso (PSB-RJ), o vice-presidente da Infoglobo Comunicações Ltda., João Roberto Marinho, e o presidente do Conselho Editorial do "Jornal do Brasil", José Antônio do Nascimento Brito.
"Ary era um grande empresário e um companheiro importante. Mas a principal imagem que fica na memória é a da pessoa alegre e cheia de vida", disse Marinho.
Ary Carvalho deixou viúva, Marlene, as filhas Eliane, Lígia e Ariane, e quatro netos. Emocionada, Eliane lembrou o legado do pai: "Ele nos deixou algo muito bonito e, quando passar essa dor, a gente tem que tocar essa obra dele, ele merece. Menino pobre de Birigui [SP], meu pai é um típico exemplo do homem brasileiro que venceu na vida", disse.

Trajetória
Nascido em 25 de abril de 1934, Ary Carvalho mudou-se para a capital paulista aos 14 anos. Em 1955, já trabalhando no jornal do bairro onde morava, teve sua primeira reportagem assinada em um veículo de comunicação de maior porte: um texto sobre os ritos cerimoniais de casamento da maçonaria, publicado na "Última Hora", de Samuel Wainer.
Contratado pelo jornal, sediado no Rio, em pouco tempo já era chefe de reportagem. Promovido a secretário de Redação e depois a diretor, Carvalho aceitou, em 1961, a proposta de Wainer de dirigir a seção do jornal no Paraná.
Depois de aumentar a venda do jornal no Paraná de 6.000 para 23 mil exemplares, Carvalho dirigiu o "Última Hora" no Rio Grande do Sul, onde o jornal chegou a ter sua circulação impedida pelos militares em 1964. Em maio daquele ano, ele propôs a Wainer, que estava exilado na Embaixada do México, a compra da seção gaúcha do "Última Hora". Foi assim que nasceu o "Zero Hora".
Após vender o "Zero Hora" para o atual dono, a Rede Brasil Sul de Comunicações, Carvalho voltou para o Rio e, em outubro de 1983, comprou o jornal "O Dia", que pertencia ao ex-governador do Rio Chagas Freitas. Sob sua direção, "O Dia" passou por uma reestruturação editorial e gráfica, ganhando qualidade sem perder seu perfil de jornal popular. Nesse período, teve aumento de circulação e vendagem e obteve vários prêmios nas áreas jornalística, administrativa e de marketing.


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