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PT obteve maior parte das doações do BMG nas eleições
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O banco BMG priorizou o PT
nas doações para campanhas eleitorais do ano passado, diferentemente de outros bancos, que beneficiaram legendas diferentes
com quantias semelhantes.
Os candidatos petistas receberam mais da metade do total distribuído pelo BMG em 2004.
Em 2003, o BMG concedeu um
empréstimo de R$ 2,4 milhões ao
PT -tendo como avalista, conforme publicou a revista "Veja", o
publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado por
Roberto Jefferson (PTB-RJ) como
operador do suposto "mensalão".
Segundo as prestações de contas reunidas pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), o banco mineiro beneficiou 26 candidatos a
prefeito e a vereador em seis Estados brasileiros. Desse total, 20
pertencem ao PT.
Dos R$ 795.700 doados pelo
banco em 2004, os petistas receberam R$ 505 mil (63,46% dos recursos distribuídos).
O banco doou dinheiro aos petistas apesar de o PT supostamente não ter condições de pagar seu
empréstimo de R$ 2,4 milhões,
feito em fevereiro de 2003.
No dia 14 de julho de 2004, já
iniciada a campanha eleitoral,
Marcos Valério pagou, em nome
do PT, uma prestação no valor de
R$ 350 mil do empréstimo contraído pelo PT no BMG.
Foi a partir do final de julho do
ano passado, dias depois de a
prestação ser quitada por Marcos
Valério, que o BMG passou a distribuir as doações aos petistas,
sempre em dinheiro.
A preferência pelo PT nas doações em 2004 é diferente da estratégia usada por outros bancos e
pelo próprio BMG na eleição anterior, de 2002.
O Banco Rural, por exemplo, fez
uma distribuição equivalente entre os partidos. Dos 16 candidatos
beneficiados com doações em
2004, apenas três eram do PT. O
Rural é apontado como o principal banco usado no suposto esquema do "mensalão".
Na eleição de 2002, das nove
doações feitas pelo BMG, apenas
três beneficiaram o PT.
Dos R$ 280 mil doados para as
campanhas eleitorais para presidente, senador e deputados estadual e federal, R$ 120 mil foram
doados ao PT -a maior doação
foi para o comitê financeiro único
do partido: R$ 100 mil. Um candidato a deputado estadual pelo Pará e outro pelo Paraná também
receberam dinheiro do banco.
Estados
A distribuição dos valores, no
entanto, revela outro dado curioso. O BMG, um banco mineiro,
priorizou os petistas do Rio Grande do Sul nas doações.
Dos 20 candidatos do PT beneficiados pelo banco, 11 concorriam a cargos públicos na região
Sul. Entre eles, muitos petistas de
cidades pequenas.
O BMG doou dinheiro para
apenas um candidato petista de
Minas Gerais. Até mesmo os políticos da Bahia receberam mais
atenção do banco mineiro.
Quatro baianos receberam dinheiro de doações do BMG. Entre
eles, também estão candidatos do
interior do Estado. Dois políticos
de São Paulo, um do Espírito Santo e outro do Paraná integram a
lista dos petistas que receberam
doações do BMG.
Dos outros R$ 290.700 que o
banco doou para campanhas no
ano passado, foram beneficiados
três candidatos do PDT, um do
PSDB, um do PSB e um do PFL.
Novos fatos
O novo procurador-geral da República, Antônio Fernando de
Souza, disse que a notícia sobre o
empréstimo feito pelo PT com o
aval de Marcos Valério "agrega
novos fatos às investigações" já
em curso, dando evidências de
que esse passou a ser um dos focos do Ministério Público Federal.
"A apuração está em andamento, e as novas informações apenas
agregam novos fatos às investigações existentes", afirmou Souza.
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