São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Tesoureiro de Lula terá que explicar origem de R$ 183 mil

Promotoria suspeita que Filippi pagou multa, em 2003, sem dispor de recursos

Condenado por beneficiar CUT com dinheiro público, prefeito de Diadema quitou débito na época em que "valerioduto" abastecia o PT

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Estadual de São Paulo abriu inquérito para investigar se o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, utilizou dinheiro do "valerioduto" para saldar uma dívida judicial. O petista, anunciado como tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não quis comentar a investigação. Segundo o promotor Fernando Belaz, responsável pela abertura do inquérito, a suspeita surgiu em junho deste ano quando chegou às suas mãos um processo de execução de R$ 183 mil contra Filippi, quitados em dezembro de 2003. O prefeito foi multado por ter bancado com recursos públicos, em 1995, uma série de outdoors para promoção da CUT, segundo o promotor. Esse pagamento foi feito quatro meses depois de o próprio prefeito informar à Justiça não ter condições de saldar a dívida de uma só vez e pedir seu parcelamento em R$ 2.000 por mês. O pedido foi negado. Para a Promotoria, o petista não tinha meios suficientes para quitar os R$ 183 mil porque foram encontrados em seu nome, durante a execução da dívida, só uma casa onde morava, dois carros "de baixo valor" alienados (financiados em nome de terceiros) e cerca de R$ 30 mil em bancos. Belaz lembra ainda que, em 2003, o PT utilizou dinheiro das empresas de Marcos Valério para pagar dívidas de aliados. "Não estou afirmando que é dinheiro de caixa dois. Mas, juntando todos esses fatos, permite-se uma suspeita. E, se permite uma suspeita fundada, ela pode ser materializada com a investigação." Um pedido de explicação foi enviado na última sexta-feira e, após a notificação, Filippi terá dez dias úteis para apresentar a origem dos recursos. De acordo com a Promotoria, se as informações não forem suficientes poderá ser pedida a quebra do sigilo bancário do petista. A CPI dos Correios não detectou repasses do "valerioduto" para o político de Diadema, mas Valério entregou parte do dinheiro ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagar despesas de campanha do PT. Filippi também está sendo investigado pela Promotoria de São Paulo em outros dois casos. Um deles foi provocado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) pela aplicação de recursos na educação abaixo do que preconiza a legislação. Outra investigação apura por que o prefeito descumpriu uma lei municipal ao espalhar outdoors pela cidade sem informar os custos da campanha. O petista teve parecer desfavorável a suas contas nos três anos julgados, de 2001 a 2003. Somente em relação ao último ano ainda cabe recurso.


Colaborou RUBENS VALENTE , da Reportagem Local


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