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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Tesoureiro de Lula terá que explicar origem de R$ 183 mil
Promotoria suspeita que Filippi pagou multa, em 2003, sem dispor de recursos
Condenado por beneficiar CUT com dinheiro público, prefeito de Diadema quitou débito na época em que "valerioduto" abastecia o PT
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual de São Paulo abriu inquérito para investigar se o prefeito de Diadema, José de Filippi
Júnior, utilizou dinheiro do
"valerioduto" para saldar uma
dívida judicial. O petista, anunciado como tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não quis comentar a investigação.
Segundo o promotor Fernando Belaz, responsável pela
abertura do inquérito, a suspeita surgiu em junho deste ano
quando chegou às suas mãos
um processo de execução de
R$ 183 mil contra Filippi, quitados em dezembro de 2003. O
prefeito foi multado por ter
bancado com recursos públicos, em 1995, uma série de outdoors para promoção da CUT,
segundo o promotor.
Esse pagamento foi feito
quatro meses depois de o próprio prefeito informar à Justiça
não ter condições de saldar a
dívida de uma só vez e pedir seu
parcelamento em R$ 2.000 por
mês. O pedido foi negado.
Para a Promotoria, o petista
não tinha meios suficientes para quitar os R$ 183 mil porque
foram encontrados em seu nome, durante a execução da dívida, só uma casa onde morava,
dois carros "de baixo valor"
alienados (financiados em nome de terceiros) e cerca de
R$ 30 mil em bancos.
Belaz lembra ainda que, em
2003, o PT utilizou dinheiro
das empresas de Marcos Valério para pagar dívidas de aliados. "Não estou afirmando que
é dinheiro de caixa dois. Mas,
juntando todos esses fatos, permite-se uma suspeita. E, se permite uma suspeita fundada, ela
pode ser materializada com a
investigação."
Um pedido de explicação foi
enviado na última sexta-feira e,
após a notificação, Filippi terá
dez dias úteis para apresentar a
origem dos recursos. De acordo
com a Promotoria, se as informações não forem suficientes
poderá ser pedida a quebra do
sigilo bancário do petista.
A CPI dos Correios não detectou repasses do "valerioduto" para o político de Diadema,
mas Valério entregou parte do
dinheiro ao ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares para pagar
despesas de campanha do PT.
Filippi também está sendo
investigado pela Promotoria de
São Paulo em outros dois casos.
Um deles foi provocado pelo
TCE (Tribunal de Contas do
Estado) pela aplicação de recursos na educação abaixo do
que preconiza a legislação.
Outra investigação apura por
que o prefeito descumpriu uma
lei municipal ao espalhar outdoors pela cidade sem informar
os custos da campanha.
O petista teve parecer desfavorável a suas contas nos três
anos julgados, de 2001 a 2003.
Somente em relação ao último
ano ainda cabe recurso.
Colaborou RUBENS VALENTE ,
da Reportagem Local
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