São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RIO DE JANEIRO

Rosinha deixa secretarias no escuro para escapar da LRF

Alessandro Costa - 13.mai.2006/Ag.O Dia
Ao lado de Anthony Garotinho, a governadora Rosinha Matheus, que contingenciou R$ 1,4 bi


Oposição diz que governadora gastou muito no 1º trimestre com objetivo político

Governo diz que pratica administração responsável; "economia de guerra" inclui reduzir refeições de médicos a sopas e cortar telefones

RAPHAEL GOMIDE
SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Após empenhar 40% do Orçamento nos três primeiros meses do ano, o governo do Rio de Janeiro implementou uma "economia de guerra" para cortar gastos e evitar que a governadora Rosinha Matheus seja enquadrada na Lei de Responsabilidade Fiscal, que pune até com prisão gestores que gastam mais do que arrecadam.
A oposição acusa Rosinha de ter apressado a liberação de recursos porque pretendia deixar o governo para concorrer a outro mandato. Deixaria uma bomba armada para o sucessor, o vice Luiz Paulo Conde, rival dos Garotinho. O governo nega.
Anthony Garotinho fez a mesma coisa no início de 2002, quando passou o governo para Benedita da Silva (PT) para disputar a Presidência.
Os cortes determinados pela governadora foram seguidos a ferro e fogo pelos gestores de cada área. Em algumas repartições, os servidores estão proibidos de acender a luz de dia. Os secretários perderam seus Nextel (telefone com rádio); celulares e linhas de telefone fixas foram cortados; há racionamento de luz, papel e cartuchos de impressora; redução de veículos e computadores alugados e cortes nas gratificações de funcionários de secretarias.
Rosinha determinou corte de 25% do custeio e contingenciou (reteve, em princípio provisoriamente) R$ 1,413 bilhão da dotação orçamentária de diversos órgãos do Estado.
Nem os grampos policiais escaparam da tesoura, segundo a Folha apurou. Das 40 linhas da Delegacia de Repressão a Entorpecentes para escutas judiciais, 20 foram cortadas no mês passado. O chefe de Polícia Civil, Ricardo Hallack nega.
O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, e os membros do serviço de inteligência do órgão tiveram que devolver seus rádios-transmissores, assim como os outros secretários e diretores de órgãos do primeiro e segundo escalões. Assessores devolveram celulares e há racionamento de carros e combustível.
No Hospital Estadual Prefeito João Batista Cáffaro, em Itaboraí (a 40 km do Rio), a comida para funcionários e médicos passou a ser sopa de legumes. A quem recusa é oferecida a opção salsicha com verduras, quando há. Os cerca de mil empregados do hospital, quase todos terceirizados, tiveram os salários reduzidos em 55%. Eles são contratados pelas cooperativas Coopersonal -cujo sócio fez doação para a pré-campanha de Garotinho à Presidência- e Citta. O salário com corte foi recebido no último dia 21. Era referente a abril. Maio e junho não foram pagos.
No IEF (Instituto Estadual de Florestas), foram dispensados dez auxiliares da Fundação para a Infância e Adolescência. Desde a semana passada, cinco linhas telefônicas foram cortadas e houve redução no uso de material de consumo.
Especializado no atendimento a tuberculosos e vítimas da Aids, o Hospital Estadual Ary Parreira, em Niterói (a 15 km do Rio), demitiu 50% dos 30 encarregados da limpeza. Uma das três linhas telefônicas da direção foi cortada. Na Secretaria de Comunicação, como admitiu o secretário, Ricardo Bruno, houve redução de veículos e computadores. "Estamos no limite, como em todos os outros lugares, mas não prejudica o trabalho", disse.
Segundo o chefe de gabinete de Rosinha, Fernando Peregrino, cabe aos gestores determinar os cortes. A Secom negou que a governadora tenha empenhado mais no início do ano com objetivos políticos e disse que é "delírio" da oposição. "É administração responsável, preocupada em equilibrar as contas e com a Lei de Responsabilidade Fiscal. As obras não pararam. Estado quebrado não antecipa 13º salário nem faz plano de cargos e salários."


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