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ELEIÇÕES 2006 / RIO DE JANEIRO
Rosinha deixa secretarias no escuro para escapar da LRF
Alessandro Costa - 13.mai.2006/Ag.O Dia
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Ao lado de Anthony Garotinho, a governadora Rosinha Matheus, que contingenciou R$ 1,4 bi |
Oposição diz que governadora gastou muito no 1º trimestre com objetivo político
Governo diz que pratica
administração responsável;
"economia de guerra" inclui
reduzir refeições de médicos
a sopas e cortar telefones
RAPHAEL GOMIDE
SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Após empenhar 40% do Orçamento nos três primeiros
meses do ano, o governo do Rio
de Janeiro implementou uma
"economia de guerra" para cortar gastos e evitar que a governadora Rosinha Matheus seja
enquadrada na Lei de Responsabilidade Fiscal, que pune até
com prisão gestores que gastam mais do que arrecadam.
A oposição acusa Rosinha de
ter apressado a liberação de recursos porque pretendia deixar
o governo para concorrer a outro mandato. Deixaria uma
bomba armada para o sucessor,
o vice Luiz Paulo Conde, rival
dos Garotinho. O governo nega.
Anthony Garotinho fez a
mesma coisa no início de 2002,
quando passou o governo para
Benedita da Silva (PT) para disputar a Presidência.
Os cortes determinados pela
governadora foram seguidos a
ferro e fogo pelos gestores de
cada área. Em algumas repartições, os servidores estão proibidos de acender a luz de dia.
Os secretários perderam seus
Nextel (telefone com rádio); celulares e linhas de telefone fixas
foram cortados; há racionamento de luz, papel e cartuchos
de impressora; redução de veículos e computadores alugados
e cortes nas gratificações de
funcionários de secretarias.
Rosinha determinou corte de
25% do custeio e contingenciou
(reteve, em princípio provisoriamente) R$ 1,413 bilhão da
dotação orçamentária de diversos órgãos do Estado.
Nem os grampos policiais escaparam da tesoura, segundo a
Folha apurou. Das 40 linhas da
Delegacia de Repressão a Entorpecentes para escutas judiciais, 20 foram cortadas no mês
passado. O chefe de Polícia Civil, Ricardo Hallack nega.
O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, e os membros
do serviço de inteligência do
órgão tiveram que devolver
seus rádios-transmissores, assim como os outros secretários
e diretores de órgãos do primeiro e segundo escalões. Assessores devolveram celulares
e há racionamento de carros e
combustível.
No Hospital Estadual Prefeito João Batista Cáffaro, em Itaboraí (a 40 km do Rio), a comida para funcionários e médicos
passou a ser sopa de legumes. A
quem recusa é oferecida a opção salsicha com verduras,
quando há. Os cerca de mil empregados do hospital, quase todos terceirizados, tiveram os
salários reduzidos em 55%.
Eles são contratados pelas cooperativas Coopersonal -cujo
sócio fez doação para a pré-campanha de Garotinho à Presidência- e Citta. O salário
com corte foi recebido no último dia 21. Era referente a abril.
Maio e junho não foram pagos.
No IEF (Instituto Estadual
de Florestas), foram dispensados dez auxiliares da Fundação
para a Infância e Adolescência.
Desde a semana passada, cinco
linhas telefônicas foram cortadas e houve redução no uso de
material de consumo.
Especializado no atendimento a tuberculosos e vítimas da
Aids, o Hospital Estadual Ary
Parreira, em Niterói (a 15 km
do Rio), demitiu 50% dos 30
encarregados da limpeza. Uma
das três linhas telefônicas da
direção foi cortada. Na Secretaria de Comunicação, como admitiu o secretário, Ricardo
Bruno, houve redução de veículos e computadores. "Estamos
no limite, como em todos os outros lugares, mas não prejudica
o trabalho", disse.
Segundo o chefe de gabinete
de Rosinha, Fernando Peregrino, cabe aos gestores determinar os cortes. A Secom negou
que a governadora tenha empenhado mais no início do ano
com objetivos políticos e disse
que é "delírio" da oposição. "É
administração responsável,
preocupada em equilibrar as
contas e com a Lei de Responsabilidade Fiscal. As obras não
pararam. Estado quebrado não
antecipa 13º salário nem faz
plano de cargos e salários."
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