São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Suplente "some" e pode assumir em 90 dias

Também alvo de denúncias, Gim Argello, que já foi um dos políticos mais próximos ao ex-governador, não é localizado por aliados
Grupo ligado a Roriz cogitou renúncia coletiva, mas não localizou o suplente; ele é investigado por prejuízo de R$ 1,7 mi na Câmara do DF


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acusado de causar um prejuízo de R$ 1,7 milhão à Câmara Legislativa do Distrito Federal, entre outras pendências com a Justiça, o primeiro-suplente de Joaquim Roriz, Gim Argello, não renunciou juntamente com o peemedebista, como era cogitado. Com isso, ele tem prazo de 60 dias, renováveis por mais 30, para assumir a vaga de senador até janeiro de 2015.
Segundo aliados de Roriz, Argello -um dos vice-presidentes nacionais do PTB- "desapareceu" nos últimos dias. Ele é apontado pelos aliados do agora ex-senador como o responsável por afirmar à revista "Veja" que Roriz usou o dinheiro do cheque para comprar juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal.
Argello é um antigo aliado de Roriz, mas a relação entre os dois teria se estremecido nos últimos dias. Sempre de acordo com aliados do peemedebista, Argello foi procurado sem sucesso para assinar a renúncia coletiva -de Roriz, de Argello, e do segundo-suplente, Marcos de Almeida Castro-, o que levaria a novas eleições para o preenchimento da vaga.
A Folha ouviu de um aliado de Roriz a frase de que Argello "não dura 30 dias no Senado", o que dá a entender que, se não houver um acerto entre os dois, Roriz e seus aliados podem municiar a imprensa com denúncias de irregularidades contra seu ex-aliado.
Levantamento da Folha em tribunais e órgãos públicos mostra que Argello tem pendências com a Receita, responde a pelo menos seis processos ou inquéritos civis e criminais, foi acusado em 2002 de receber 300 lotes como propina, além de responder a processo pelo suposto prejuízo de R$ 1,7 milhão à Câmara do DF na época em que presidiu a Casa -ele cumpriu dois mandatos (1998 a 2006).
Ele teve aberto contra si uma ação civil pública e um processo no Tribunal de Contas do DF -ainda não julgados definitivamente- sob a suspeita de que estabeleceu contrato de informática para a Casa que causou o prejuízo aos cofres públicos. A suspeita é que a Câmara do DF tenha pago, pelo aluguéis de computadores, um valor mais alto do que pagaria pela sua aquisição.
Advogado de Argello, Paulo Goyaz disse que a acusação de desvio de recursos da Câmara não procede, já que os órgãos técnicos da Casa teriam aprovado a licitação para o aluguel dos equipamentos.
Argello também responde a inquérito sigiloso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região sob a suspeita de crime contra o sistema financeiro nacional.

Acordo
Apesar da aparente divergência entre o ex-senador e seu suplente, há relato de que os dois podem se acertar em uma combinação que teria o objetivo de reconduzir Roriz ao seu mandato. Isso se daria da seguinte forma: Argello assumiria o mandato em algumas semanas e, se a investigação contra Roriz na Procuradoria Geral da República não resultar em nada, Argello renunciaria, medida que seria seguida pelo segundo-suplente, fiel a Roriz. Isso levaria a novas eleições.


Texto Anterior: Indicado de Roriz na CEF é investigado por contrato
Próximo Texto: Perfil: Ex-senador é investigado em seis inquéritos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.