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Para ministro, sigilo bancário protege crime
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Controladoria Geral da União,
Jorge Hage, criticou ontem o
Congresso por não aprovar
leis que ajudariam no combate à corrupção e defendeu
também a "flexibilização"
dos sigilos bancário e fiscal,
que serviriam apenas como
"biombo para criminosos".
Hage disse que muitos criticam a demora do Judiciário, mas ninguém se lembra
de que muitas leis "dormem
há anos" no Congresso.
"Todo mundo reclama da
morosidade do Judiciário,
agora, alguém está lembrando que isso ocorre não porque o juiz não queira tocar o
processo para a frente, mas
porque vivemos com um Código de Processo Penal de
1941 e estamos em 2007?",
disse o ministro.
O chefe da CGU cita como
exemplo a lei que estabelece
o crime de enriquecimento
ilícito para servidores, no
Congresso desde o início do
governo Lula. "É preciso alterar as leis do processo, que
definem uma infinidade de
recursos, alguns que só existem no Brasil, que são excrescências medievais."
Hage também usou o termo "medieval" para definir a
proteção aos sigilos bancário, fiscal e comercial como é
hoje. "Foram criados para a
proteção da privacidade da
pessoa de bem, mas hoje funcionam como biombos para
os criminosos", afirmou.
Um dos pontos defendidos
por Hage é o compartilhamento, entre órgãos de fiscalização, de informações obtidas com a quebra de sigilo.
"Se um determinado órgão
obtém autorização para quebra de sigilo, o outro tem de
obter nova autorização. Isso
é absolutamente irracional."
Questionado se a flexibilização não poderia levar a arbitrariedades, ele disse: "Não
pode ser a pretexto do risco
de abuso que se dificulte a
apuração dos crimes. Vivemos no Brasil um problema
oposto, a transformação em
tabu da noção de sigilo bancário e fiscal para fins de investigação".
(PEDRO DIAS LEITE)
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