São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Lula enquadra "midiáticos" Temporão e Minc

Presidente manda ministro da Saúde melhorar atendimento a prefeitos e titular do Meio Ambiente avisar governadores sobre ações

Presidente, no entanto, está satisfeito com a atuação dos dois e acha que Temporão estaria sendo fritado pelo PMDB por suas qualidades

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que melhore o atendimento aos prefeitos. E determinou que o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) avise os governadores com antecedência quando realizar alguma operação de grande repercussão pública em seus Estados.
As determinações de Lula foram transmitidas por um emissário que conversou recentemente com os dois a fim de enquadrá-los em assuntos específicos, mas também para tranquilizá-los em relação ao desempenho deles em geral.
Temporão e Minc são considerados no Palácio do Planalto os ministros "mais midiáticos" devido ao efeito público de ações de suas pastas e de brigas políticas que compram.
O ministro da Saúde, por exemplo, recebeu mensagem para não se importar com o processo de fritura estimulado pelo partido ao qual pertence, o PMDB. O Planalto avalia que congressistas peemedebistas querem derrubar Temporão porque ele se recusou a dar as áreas financeiras de hospitais federais, sobretudo no Rio, à cúpula do partido.
Ou seja: para Lula, Temporão é fritado pelo PMDB pelas suas qualidades. O presidente tem considerado exagerado o apetite peemedebista por cargos e verbas. Lula disse a auxiliares que pretende encerrar o segundo mandato com Temporão no posto. O Planalto identificou o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como o articulador da fritura de Temporão.
Reservadamente, Cunha tem dito à cúpula do PMDB que vai conseguir derrubar Temporão até o final do ano. Lula duvida. Até mesmo as brigas políticas que Temporão compra e que incomodam a Igreja Católica e setores conservadores, como a defesa do aborto e uso de camisinhas, agradam ao Planalto.
Numa administração vista como conservadora na economia e na política, Temporão traz um selo progressista e de esquerda que ajuda Lula e o PT a defender o governo perante um público tradicional do partido. Para Lula, Temporão está certo ao atuar politicamente. Quando exagera aos olhos do Planalto, como na visita do papa Bento 16 em 2007, quando o ministro manteve acesa a polêmica sobre o aborto, o presidente intervém e ponto.
Em relação aos prefeitos, Lula deseja que Temporão avalie se as verbas e os projetos federais têm chegado com eficiência às cidades, pois ouviu reclamações em viagens pelo país.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), levou ao Planalto na terça uma queixa contra Minc, que anunciara naquele dia multa de R$ 120 milhões a usineiros do Estado. Minc julgou "imoral" acordo entre o Estado e usineiros assinado por Campos.
Um emissário de Lula telefonou para Minc. O presidente determinou que o ministro passe a avisar os governadores quando fizer alguma operação de peso -uso da Polícia Federal e do Ibama, por exemplo.
Lula avalia que Minc poderia se desgastar sem necessidade. Apesar da queixa de Campos e da ordem presidencial, Minc ouviu que o governo está satisfeito em geral. Nas palavras de um ministro, o colega tem ação "proativa", e não "defensiva".


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