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Lula enquadra "midiáticos" Temporão e Minc
Presidente manda ministro da Saúde melhorar atendimento a prefeitos e titular do Meio Ambiente avisar governadores sobre ações
Presidente, no entanto, está satisfeito com a atuação dos dois e acha que Temporão estaria sendo fritado pelo PMDB por suas qualidades
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro da
Saúde, José Gomes Temporão,
que melhore o atendimento aos
prefeitos. E determinou que o
ministro Carlos Minc (Meio
Ambiente) avise os governadores com antecedência quando
realizar alguma operação de
grande repercussão pública em
seus Estados.
As determinações de Lula foram transmitidas por um emissário que conversou recentemente com os dois a fim de enquadrá-los em assuntos específicos, mas também para tranquilizá-los em relação ao desempenho deles em geral.
Temporão e Minc são considerados no Palácio do Planalto
os ministros "mais midiáticos"
devido ao efeito público de
ações de suas pastas e de brigas
políticas que compram.
O ministro da Saúde, por
exemplo, recebeu mensagem
para não se importar com o
processo de fritura estimulado
pelo partido ao qual pertence, o
PMDB. O Planalto avalia que
congressistas peemedebistas
querem derrubar Temporão
porque ele se recusou a dar as
áreas financeiras de hospitais
federais, sobretudo no Rio, à
cúpula do partido.
Ou seja: para Lula, Temporão
é fritado pelo PMDB pelas suas
qualidades. O presidente tem
considerado exagerado o apetite peemedebista por cargos e
verbas. Lula disse a auxiliares
que pretende encerrar o segundo mandato com Temporão no
posto. O Planalto identificou o
deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como o articulador da fritura de Temporão.
Reservadamente, Cunha tem
dito à cúpula do PMDB que vai
conseguir derrubar Temporão
até o final do ano. Lula duvida.
Até mesmo as brigas políticas
que Temporão compra e que
incomodam a Igreja Católica e
setores conservadores, como a
defesa do aborto e uso de camisinhas, agradam ao Planalto.
Numa administração vista
como conservadora na economia e na política, Temporão
traz um selo progressista e de
esquerda que ajuda Lula e o PT
a defender o governo perante
um público tradicional do partido. Para Lula, Temporão está
certo ao atuar politicamente.
Quando exagera aos olhos do
Planalto, como na visita do papa Bento 16 em 2007, quando o
ministro manteve acesa a polêmica sobre o aborto, o presidente intervém e ponto.
Em relação aos prefeitos, Lula deseja que Temporão avalie
se as verbas e os projetos federais têm chegado com eficiência às cidades, pois ouviu reclamações em viagens pelo país.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), levou ao Planalto na terça uma
queixa contra Minc, que anunciara naquele dia multa de R$
120 milhões a usineiros do Estado. Minc julgou "imoral"
acordo entre o Estado e usineiros assinado por Campos.
Um emissário de Lula telefonou para Minc. O presidente
determinou que o ministro
passe a avisar os governadores
quando fizer alguma operação
de peso -uso da Polícia Federal e do Ibama, por exemplo.
Lula avalia que Minc poderia
se desgastar sem necessidade.
Apesar da queixa de Campos e
da ordem presidencial, Minc
ouviu que o governo está satisfeito em geral. Nas palavras de
um ministro, o colega tem ação
"proativa", e não "defensiva".
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