São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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Condenado apresenta outra versão

DA SUCURSAL DO RIO

Alcino João do Nascimento passou 21 anos e oito meses na cadeia por ter dado dois tiros no major Rubens Vaz. Hoje, aos 82, vive na Baixada Fluminense. Localizado pela Folha, não quis dar uma entrevista, mas falou rapidamente por telefone sobre o crime.
Ele confirma o que disse no livro-depoimento "Mataram o Presidente", de 1978: estava na rua Tonelero procurando colher informações sobre Carlos Lacerda, "fazendo uma sindicância", já que fora contratado para seguir o jornalista. "Eu não fui ali para matar Lacerda. Eles disseram que eu era pistoleiro, mas não é nada disso", afirma ele, que estaria usando uma arma calibre 45 das Forças Armadas porque seu 38 quebrara.
Ao se aproximar da traseira do carro de Vaz para ver a placa, teria sido abordado pelo major. Na briga, atirou duas vezes. "Eu fui agredido, atirei. Mas acontece que a causa mortis foi o [tiro] do Lacerda. Tentando acertar em mim, acertou no major", afirma.
No IPM, Alcino confirma que atirou em Lacerda, mas hoje nega tudo: "Aquele inquérito foi inventado. Não assinei nem confessei nada". Perguntado se teria sido torturado, diz que sim. "Ninguém sofreu mais do que eu." Alcino diz que fará novas revelações, em outro livro. Ele não fala em arrependimento: "Não tenho esse remorso não. Aconteceu. Mas culpa eu não tenho. Acho que não. Não fui para matar ninguém", afirma.


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