São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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RETÓRICA DO PLANALTO

Presidente ataca a gestão FHC ao falar de "anos de neoliberalismo hegemônico" e rebate tucano

Lula critica "mentalidade subalterna" no país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o discurso de ontem ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para dizer que o Brasil passou os últimos anos "nos subterrâneos" de sua capacidade econômica. Ele criticou "anos de neoliberalismo hegemônico" e disse que não faltam pessoas com "mentalidade subalterna" no país.
As críticas de Lula se dirigem -ainda que de forma indireta- à administração tucana (1995-2002) do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e às recentes manifestações feitas por ele.
Lula afirmou que ajustes econômicos "podem cegar se assumem formas de dogmatismo, como ocorreu nos anos de neoliberalismo hegemônico". "A verdade nua e crua é que o Brasil viveu, nos últimos anos, no subterrâneo da sua capacidade econômica, alienado de grande parte de sua criatividade política, atrofiado em relação à sua enorme energia social", disse o presidente durante a reunião do conselho no Planalto.
Criticou "ajustes econômicos" -mas não mencionou o esforço fiscal feito por sua gestão.
Disse ainda que o Brasil "definhou" tanto estruturalmente que "talvez saiba menos do que precisa saber sobre suas capacidades".
Sem citar nomes, o presidente Lula disse que "não faltam, no Brasil, pessoas com mentalidade subalterna, acreditando que precisamos depender das políticas que os países ricos fazem. Pessoas que não acreditam que o Brasil tenha autonomia, competência para fazer o jogo que interessa".
Anteontem, em São Paulo, FHC, em crítica à política externa, ironizou as negociações que entrem em confronto com os EUA.
Lula arrancou aplausos da platéia quando, em referência às negociações comerciais, disse: "Ninguém respeita interlocutor que não se respeita, interlocutor que ande de cabeça baixa. E o que fizemos foi dizer: gostamos de nós, acreditamos em nós. Temos direitos e brigamos por eles".
O presidente citou haver conquistas "palpáveis" da economia. Afirmou que o país conseguiu se livrar da "imobilidade recessiva de muitos anos" e que assumiu o cargo diante de uma nação "materialmente tolhida e espiritualmente inferiorizada". Disse que suas palavras eram um "chamamento" à sociedade, e não um "desabafo". (EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)


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