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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LIGAÇÕES CRUZADAS
Ex-ministro português disse em julho ter recebido empresário como "consultor" de Lula; embaixador afirma que versão foi desmentida
Em nota, Mexia omite credenciais de Valério
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Em nota evasiva divulgada ontem, o ex-ministro português António Mexia não desmentiu a informação de que o empresário
Marcos Valério de Souza se apresentara como "consultor de Lula"
durante encontro entre os dois,
em outubro passado. O comunicado foi divulgado após encontro
com o embaixador brasileiro em
Lisboa, Antonio Paes de Andrade.
"Num encontro efetuado hoje
pelas 15h com o embaixador do
Brasil, tive a oportunidade de repetir as minhas únicas e definitivas declarações sobre a visita de
cortesia concedida ao sr. Marcos
Valério, a pedido e na presença do
presidente executivo da Portugal
Telecom, dr. Miguel Horta e Costa", diz a nota.
O comunicado é uma alusão a
reportagem publicada no mês
passado pelo semanário "Expresso", de Lisboa, na qual Mexia disse ter recebido Valério "na qualidade de consultor do presidente
do Brasil e a pedido de Miguel
Horta e Costa".
À Folha, o embaixador Paes de
Andrade afirmou que Mexia, no
encontro de ontem, "contestou
com muita clareza" que Marcos
Valério tivesse se apresentado como interlocutor ou consultor do
presidente Lula.
"O governo português e o governo brasileiro tratam diretamente das questões do Brasil e de
Portugal sem intermediários. Seria um absurdo que se apresentasse um interlocutor", comentou
Paes de Andrade, por telefone.
O embaixador disse que conversou ontem com o ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, de quem recebeu a incumbência de ouvir o ex-ministro.
Segundo a nota de Mexia, o encontro com Valério durou cerca
de 10 minutos e abordou "tópicos
genéricos, como a evolução econômica do Brasil e a importância
do investimento estrangeiro, onde Portugal e a PT (Portugal Telecom) têm um papel de destaque."
"Não o tendo visto antes, não o
voltei a encontrar", diz. Ele negou
envolvimento "em questões de
política interna do Brasil".
Espírito Santo
Antes de chegar ao primeiro escalão do governo, o ex-ministro
português António Luís Guerra
Nunes Mexia trabalhou de 1990 a
1998 no banco Espírito Santo Investimento, onde era responsável
pelas áreas de mercado de capitais, corretagem e assessoria e
montagem de financiamentos.
O Espírito Santo Investimento é
um dos braços do grupo Banco
Espírito Santo.
O economista Mexia, 48, foi ministro de Obras Públicas, Transportes e Comunicações por apenas oito meses, de julho de 2004 a
março passado. Ele também ocupou cargos no setor energético.
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