São Paulo, quarta-feira, 05 de setembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Para governador, presidente seria capaz até de "manipular" urnas eletrônicas nas eleições presidenciais

FHC quer se perpetuar no poder, diz Itamar

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), disse ontem acreditar que o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, seria capaz até mesmo de fraudar as eleições presidenciais para continuar no poder.
"Tudo pode acontecer. Até mesmo a manipulação de urnas eletrônicas. O presidente não quer perder o comando do país. Nunca assisti, nem mesmo em regimes fortes, ao presidente agir como está agindo agora", afirmou Itamar, que fez palestra no Clube Militar do Rio de Janeiro.
FHC não comentou a declaração de Itamar. Ele oferecia um jantar ao primeiro ministro de Portugal, António Guterres no Palácio da Alvorada e não pode ser contatado por seus assessores.
As declarações do governador foram dadas em entrevista, quando foi questionado sobre suas expectativas em relação à convenção do PMDB, marcada para este domingo. Ele confirmou presença na convenção. "A convenção pode ser viciada. Se for viciada, vamos denunciar. A ingerência do presidente é forte no partido. Se hoje ele atua dessa maneira, o que ele não fará quando tiver o seu candidato?", indagou.
Segundo o governador, FHC tem usado métodos heterodoxos, como liberação de verbas, para influir nas convenções do PMDB.
Itamar não quis dizer o que pode acontecer com seu futuro político, caso a ala oposicionista do PMDB, da qual faz parte, perca a convenção, mas afirmou que haverá consequências: "Vamos aguardar, mas vai acontecer algo. Vai mudar bastante coisa".
Ele confirmou apenas que pretende voltar a conversar com o pré-candidato à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, sobre a possibilidade de união ainda no primeiro turno. Ciro e Itamar se encontraram na semana passada, no Rio, a convite do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola.
Caso Itamar perca a convenção, hipótese considerada mais provável, seu destino político pode ser também o PDT, sigla pela qual ele poderia sair candidato a presidente da República no ano que vem. Apesar de já se preparar para agir caso saia derrotado na convenção, ele disse que é muito difícil prever o que acontecerá.
Caso confirmada no domingo, essa não será a primeira derrota de Itamar para a ala do partido que apóia FHC. Na última convenção do PMDB, que definiu os rumos do partido nas eleições de 1998, ele também saiu derrotado. "Saí humilhado. Foi triste. Daquela vez, ele [FHC" brindou minha derrota com champanhe. Vamos ver com o que ele vai brindar dessa vez", disse. Itamar estava no Rio desde segunda e sua volta para Minas está marcada para hoje.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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