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SUCESSÃO NO ESCURO
Para governador, presidente seria capaz até de "manipular" urnas eletrônicas nas eleições presidenciais
FHC quer se perpetuar no poder, diz Itamar
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), disse ontem acreditar que o presidente da
República, Fernando Henrique
Cardoso, seria capaz até mesmo
de fraudar as eleições presidenciais para continuar no poder.
"Tudo pode acontecer. Até
mesmo a manipulação de urnas
eletrônicas. O presidente não
quer perder o comando do país.
Nunca assisti, nem mesmo em regimes fortes, ao presidente agir
como está agindo agora", afirmou
Itamar, que fez palestra no Clube
Militar do Rio de Janeiro.
FHC não comentou a declaração de Itamar. Ele oferecia um
jantar ao primeiro ministro de
Portugal, António Guterres no
Palácio da Alvorada e não pode
ser contatado por seus assessores.
As declarações do governador
foram dadas em entrevista, quando foi questionado sobre suas expectativas em relação à convenção do PMDB, marcada para este
domingo. Ele confirmou presença na convenção. "A convenção
pode ser viciada. Se for viciada,
vamos denunciar. A ingerência
do presidente é forte no partido.
Se hoje ele atua dessa maneira, o
que ele não fará quando tiver o
seu candidato?", indagou.
Segundo o governador, FHC
tem usado métodos heterodoxos,
como liberação de verbas, para
influir nas convenções do PMDB.
Itamar não quis dizer o que pode acontecer com seu futuro político, caso a ala oposicionista do
PMDB, da qual faz parte, perca a
convenção, mas afirmou que haverá consequências: "Vamos
aguardar, mas vai acontecer algo.
Vai mudar bastante coisa".
Ele confirmou apenas que pretende voltar a conversar com o
pré-candidato à Presidência pelo
PPS, Ciro Gomes, sobre a possibilidade de união ainda no primeiro
turno. Ciro e Itamar se encontraram na semana passada, no Rio, a
convite do presidente nacional do
PDT, Leonel Brizola.
Caso Itamar perca a convenção,
hipótese considerada mais provável, seu destino político pode ser
também o PDT, sigla pela qual ele
poderia sair candidato a presidente da República no ano que
vem. Apesar de já se preparar para agir caso saia derrotado na convenção, ele disse que é muito difícil prever o que acontecerá.
Caso confirmada no domingo,
essa não será a primeira derrota
de Itamar para a ala do partido
que apóia FHC. Na última convenção do PMDB, que definiu os
rumos do partido nas eleições de
1998, ele também saiu derrotado.
"Saí humilhado. Foi triste. Daquela vez, ele [FHC" brindou minha
derrota com champanhe. Vamos
ver com o que ele vai brindar dessa vez", disse. Itamar estava no
Rio desde segunda e sua volta para Minas está marcada para hoje.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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