São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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JUSTIÇA

Celso Três acusa líder do PFL de quebra de decoro baseado em indicação de trabalho escravo em terras do deputado

Procurador pedirá impeachment de Inocêncio à Câmara

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

O procurador da República no DF, Celso Três, anunciou ontem que irá entrar com representação na Corregedoria da Câmara dos Deputados pedindo o impeachment do deputado Inocêncio de Oliveira (PFL-PE). A representação é baseada em relatório do Ministério do Trabalho que indica que 58 pessoas trabalharam no início do ano na fazenda Caraíbas (Maranhão), que pertencia a Inocêncio, em regime considerado análogo à escravidão.
O procurador acusa o líder do PFL de quebra de decoro parlamentar. "A auditoria dos fiscais do Trabalho mostrou que ele mantinha trabalho escravo", disse. "As fotos [do relatório] parecem ter sido tiradas na Etiópia."
Segundo o relatório do ministério, os empregados da Caraíbas eram obrigados a contrair dívidas com os capatazes da fazenda para comprar artigos que o proprietário deveria fornecer.
O procurador disse que a representação deve chegar até sexta à mesa do corregedor-geral da Câmara, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO). A corregedoria deve abrir um inquérito ou sindicância para apurar se realmente houve quebra de decoro. Baseado nessa investigação, o corregedor-geral pode propor a abertura, no Conselho de Ética, de processo de impeachment. A decisão final seria votada no plenário da Câmara.
Além disso, a Procuradoria do Trabalho entrou ontem com ação civil pública e ação por dano moral contra Inocêncio, na Vara Federal de Barra do Corda (MA). A ação pede indenização de cem salários mínimos (R$ 20 mil) a cada um dos trabalhadores.
Inocêncio de Oliveira disse que pode processar Celso Três pela representação. Ele negou a existência de trabalho escravo na fazenda Caraíbas -que diz ter vendido- e citou, em sua defesa, a nota divulgada pelo Ministério do Trabalho na segunda sobre o caso. Ao contrário do entendimento da Procuradoria do Trabalho, o ministério disse que não encontrou "elementos que caracterizassem trabalho escravo" na fazenda.



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