São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Cacique afirma que candidatura petebista teve "desvio de função" ao atacar PSDB

Por Alckmin, PTB ameaça Cabrera com a expulsão

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente nacional do PTB, Campos Machado, quer a expulsão do partido de Antonio Cabrera, candidato ao governo paulista pela legenda.
Aliado do PSDB em São Paulo, Campos Machado, deputado estadual e líder do partido no Estado, se diz indignado com Cabrera, que não tem poupado o governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) em seus programas do horário eleitoral, o que beneficia diretamente Paulo Maluf (PPB) e José Genoino (PT).
O cacique petebista também acha que a candidatura de Cabrera tem fugido de um de seus propósitos: dar espaço para o presidenciável Ciro Gomes (PPS) no maior colégio eleitoral do país e preparar o terreno para uma união do presidenciável com Alckmin caso José Serra (PSDB) não chegue ao segundo turno.
O PTB -junto do PDT e do PPS- integra a coligação Frente Trabalhista, que tem Ciro como candidato a presidente.
"A expulsão dele [Cabrera" será inevitável após as eleições", disse Campos Machado, que classificou o comportamento de Cabrera como um "desvio de função".
O grupo político de Campos Machado, majoritário dentro do PTB, controla a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) e dá sustentação ao governador na Assembléia Legislativa da capital.
Foi esse grupo que, impedido pela verticalização de se coligar com os tucanos, lançou Cabrera para evitar que a vaga ficasse com o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PTB), adversário de Alckmin e próximo a Maluf.
Fleury pretendia lançar sua mulher, Ika, ao governo. Os petebistas, então, deram a vaga a Cabrera, que se diz adversário histórico de Paulo Maluf. A intenção era que ele poupasse Alckmin e disparasse contra o pepebista.
Na prática, porém, o que vem ocorrendo é o contrário, e os tucanos estão descontentes com o comportamento de Cabrera. Parte deles acredita que ele pode estar atuando sob orientação de Maluf.
"Os candidatos e partidos têm o direito de defender o que quiserem, mas os ataques não me parecem uma coisa muito autêntica", disse João Carlos Meirelles, coordenador da campanha tucana.
Sem o apoio de Campos Machado, que controla quase 90% da legenda em São Paulo, Cabrera dificilmente ficará no PTB e terminará a campanha isolado.
O candidato se disse surpreso com a ameaça. "Não sou eu quem está cometendo infidelidade partidária. Tenho trabalhado muito para o Ciro e, por isso, atacado o governo do PSDB. Não vou mudar", disse Cabrera. Maluf nega que esteja ajudando Cabrera.



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