São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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Preço de tarifa varia de acordo com as eleições

DA REPORTAGEM LOCAL

O levantamento sobre a remuneração do transporte de São Paulo nos últimos 12 anos aponta que as escolhas dos prefeitos variam com as eleições: em ano de disputa municipal, a tendência é "segurar" reajustes da tarifa, ainda que seja preciso conceder mais subsídios.
A gestão Luiza Erundina (89-92), por exemplo, embora tenha adotado uma política de injeção de valores significativos de recursos públicos na manutenção dos ônibus, em vários momentos também elevou a passagem acima da inflação.
No último reajuste, por exemplo, em novembro de 1992, a tarifa atualizada pelo IPCA corresponderia atualmente a R$ 0,79 -contra R$ 0,65 quando ela assumiu.
Como a época era de inflação exorbitante, porém, ao sair do governo essa passagem equivalia a R$ 0,63 -deixando uma defasagem inflacionária para Maluf de 25%. Não é à toa que ele decretou a alta da tarifa já na primeira semana de mandato.
O ex-prefeito foi quem menos seguiu a programação eleitoral: deixou para Pitta uma defasagem de 3,8% em relação ao reajuste anterior. Mas, em 1996, seu último ano, subiu em mais de 50% os subsídios.
A gestão Celso Pitta concedeu reajustes da tarifa acima da inflação em seus três primeiros anos. Em 2000, porém, ano de eleições, não houve aumento -deixando uma defasagem desde a elevação anterior de 15,7% para Marta.
A petista repete essa tendência. O último reajuste dado por ela foi em janeiro de 2003 -menos de três meses depois das eleições ao governo do Estado. Em 2004, quando ela tenta a reeleição, em vez de corrigir a tarifa pela inflação -que, até julho de 2004, estaria em R$ 1,94 pelo IPCA-, optou por elevar os subsídios -que estavam no patamar de R$ 17 milhões mensais e que hoje já passam de R$ 27 milhões mensais.
Em nota à Folha, a Secretaria dos Transportes afirma que "não haverá necessidade de aumento do subsídio" no ano que vem e que "todos os dados indicam que não haverá necessidade de aumento da tarifa".
Essa definição, porém, deve ocorrer no mês seguinte ao segundo turno das eleições, quando a prefeitura vai negociar com os empresários e perueiros os contratos de 2003 -pelos quais os operadores já deveriam ter tido reajuste de remuneração em julho deste ano. A correção foi postergada por uma fase de transição.
Os técnicos da prefeitura defendem a tese de que os beneficiados pelo bilhete único não significam queda de receita nem alta de custos porque vão contribuir com a mesma quantia -R$ 1,70-, mas com a possibilidade de deslocamentos adicionais, utilizando a capacidade ociosa dos coletivos.
Proporcionalmente ao nível de adesão ao cartão -imprevisível-, porém, essa capacidade ociosa tende a se esgotar.


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