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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DO "MENSALINHO"
Parlamentares devem pedir licença do presidente da Câmara durante apuração de denúncia
Oposição se reúne para pedir o afastamento de Severino
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A situação política de Severino
Cavalcanti tende a se agravar. Lideranças dos partidos de oposição se reúnem hoje para discutir
um posicionamento em relação
às denúncias contra o presidente
da Câmara. Além das investigações, os parlamentares já se manifestaram favoráveis ao afastamento de Severino do cargo.
O encontro será aberto e deve
reunir representantes de PSDB,
PFL, PPS e PV. O líder das minoria na Câmara, José Carlos Aleluia
(PFL-BA) vai propor a redação de
um documento pedindo que Severino deixe o cargo durante a
apuração das denúncias. Os oposicionistas planejam colher assinaturas para abrir um processo
de afastamento de Severino, que
seria votado no plenário. Também deve ser discutida a entrada
de uma representação no Conselho de Ética contra o parlamentar.
Conforme a última edição das
revistas semanais "Veja" e "Época", Severino teria recebido, ao
longo de 2003, uma mesada mensal de R$ 10 mil do empresário Sebastião Buani, que comanda a rede de restaurantes Fiorela. A pedido de Severino, a Polícia Federal
vai investigar tentativa de extorsão por parte de Buani.
O dinheiro seria um pagamento
de Buani para prosseguir à frente
de restaurantes e lanchonetes estabelecidos na Câmara, sem participar de licitação pública para renovar contratos assinados e cuja
validade havia expirado.
"É preciso fazer uma investigação para saber qual é a verdade",
afirmou o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP). Segundo ele, além da
denúncia, Severino terá de explicar porque responsabiliza o PSDB
pela acusações contra o "mensalinho" que teria sido recebido
quando era primeiro-secretário
da Câmara dos Deputados.
Em entrevista publicada no último sábado no blog do jornalista
Jorge Moreno, de "O Globo", Severino disse que o PSDB e o PFL
estavam por trás das denúncias
com o objetivo de derrubá-lo.
"É inaceitável que ele faça esse
tipo de acusação e fique impune",
disse Goldman. Ao acusar o
PSDB, disse Goldman, Severino
eliminou qualquer possibilidade
de negociação institucional com o
partido. "Ou ele desmente ou pediremos a renúncia dele."
Para o deputado José Carlos
Aleluia, o único caminho de Severino é o afastamento. "Ele é um
porta-voz da Casa, mas se esqueceu disso. Saiu em defesa do
"mensalão". Sua entrevista à Folha
foi um desastre. Depois, para
completar, veio a denúncia do
restaurante", afirmou.
Em entrevista à Folha, na última semana, Severino defendeu
penas mais brandas que a cassação para os parlamentares que
usaram dinheiro de caixa dois para pagar contas de campanha.
Severino se defende das acusações. Disse que está sendo vítima
de uma tentativa de extorsão. Ontem, informou que já pediu ao
TCU (Tribunal de Contas da
União) que audite os contratos
com a empresa Buani & Paulucci.
Buani não respondeu aos recados deixados pela reportagem no
final de semana. Segundo um parente, o empresário só estaria disposto a falar na investigação que
será feita ela Polícia Federal. No
sábado, ele falou à Globo e ao
SBT, mas não entrou no mérito
da acusação, informando apenas
que preferia falar na Justiça.
Vice-presidente da Câmara, o
deputado José Thomaz Nonô
(PFL-AL), que estava ontem em
Maceió, disse estar acompanhando o desenrolar dos fatos a uma
distância "quilométrica".
"A próxima data em meu cronograma [da Mesa] é o dia 13 de
setembro, quando vamos tomar
posições relativas aos [18] deputados [envolvidos nas investigações
sobre o "mensalão']", disse Nonô,
sucessor de Severino em caso de
um eventual afastamento temporário do atual presidente da Casa.
Deputados do PT não quiseram
comentar a situação de Severino.
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