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Déficit com aposentadoria pública volta a aumentar
É o primeiro crescimento, como proporção do PIB, desde a reforma da Previdência
Previsão feita pelo governo é que despesas com inativos
e pensionistas da União superem contribuições em
R$ 35,9 bi, ou 1,42% do PIB
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apenas quatro anos depois
da principal reforma promovida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, o déficit da previdência dos servidores públicos
voltará a subir, impulsionado
pelos reajustes salariais concedidos ao funcionalismo.
De acordo com a mensagem
presidencial recém-enviada ao
Congresso com o projeto de Orçamento de 2008, as despesas
com inativos e pensionistas da
União vão superar as contribuições previdenciárias em R$
35,9 bilhões neste ano, o equivalente a uma alta de 1,39% para 1,42% do Produto Interno
Bruto esperado.
Trata-se do primeiro aumento do déficit como proporção
do PIB desde que, no primeiro
ano do primeiro mandato, o governo petista deu total prioridade à aprovação de sua reforma da Previdência, basicamente voltada para o regime dos
servidores públicos federais,
estaduais e municipais.
"Percebe-se que, a partir de
2006, há uma elevação da curva
do déficit percentual em relação ao PIB, fundado, em grande
parte, no processo de reestruturação de carreiras e na continuidade de uma política salarial de reajustes", diz o documento do Planalto.
Em português mais claro, os
servidores aposentados também se beneficiaram do pacote
de vantagens oferecido ao funcionalismo no ano da reeleição
de Lula, cujos efeitos sobre as
contas públicas foram maiores
em 2007 -a maior parte dos
reajustes e novos planos de carreira só passaram a vigorar no
segundo semestre de 2006.
Segundo as projeções oficiais, o impacto do pacote de
bondades vai anular, ao menos
neste ano, o das regras restritivas incluídas na Constituição
em 2003, quando a prioridade
do governo petista era provar
seu compromisso com a austeridade fiscal e conter a crise financeira provocada pela insegurança dos investidores.
A mais efetiva -e polêmica-
delas foi o início da cobrança de
uma contribuição dos inativos
e pensionistas, proposta que o
PT considerava inconstitucional nos tempos de oposição. A
União, como empregadora,
também passou a contabilizar
uma contribuição patronal de
22% da folha de pagamento, em
vez dos 11% anteriores.
No entanto, o princípio mais
importante da reforma não entrou em vigor até hoje: a aplicação, para os novos servidores,
do mesmo teto para o valor das
aposentadorias utilizado no
INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), hoje de R$
2.894,28 mensais. Cada aposentado do setor público custa,
em média, de R$ 3.584 (Executivo) a R$ 13.873 (Legislativo)
por mês aos cofres federais.
Pelo texto da reforma, os servidores que desejassem uma
aposentadoria superior à do
INSS deveriam contribuir para
fundos de pensão exclusivos,
que nunca foram criados. "O
projeto de lei [para instituir os
fundos] já foi elaborado pelo
Poder Executivo, estando pendente, no momento, seu encaminhamento para o Congresso
Nacional", informa o governo
na mensagem ao Legislativo.
Procurado pela Folha para
dar mais detalhes sobre os números, o Ministério do Planejamento não deu resposta. Na
documento oficial, o Executivo
prevê que o déficit voltará a
cair no próximo ano, para
1,26% do PIB, com o argumento de que o impacto dos benefícios do funcionalismo estará
estabilizado -e que o PIB vai
crescer os 5% prometidos.
As expectativas iniciais para
2007, revistas ao longo do ano,
também eram de redução do
déficit da previdência dos servidores públicos.
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