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Área social terá corte sem CPMF, diz Mantega
Em audiência na comissão da Câmara que discute o tributo, ministro disse que falta dos recursos comprometeria equilíbrio fiscal
Para ministro, redução da alíquota do imposto só será discutida após surgirem
os primeiros resultados da reforma tributária
LEANDRA PERES
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) ameaçou cortar verbas de programas sociais como
o Bolsa Família e os repasses
para a Saúde, caso o Congresso
Nacional não aprove a prorrogação da CPMF até 2011.
Em audiência, ontem, na comissão especial da Câmara que
discute a prorrogação do tributo, Mantega, conhecido por seu
discurso otimista, traçou um
cenário sombrio para o país
sem os R$ 38 bilhões da CPMF
previstos para 2008.
"Teríamos de desativar programas como o Bolsa Família e
reduzir o superávit primário. A
emenda 29 [que destina recursos à Saúde] teria de ser discutida", disse Mantega, numa referência à inclusão de gastos com
saneamento e Bolsa Família
entre despesas com saúde.
O ministro, durante as quase
seis horas em que passou na comissão, classificou inúmeras
vezes o fim da CPMF ou a redução nas alíquotas como "trágico" e "temerário" para o país.
Além do impacto sobre os
programas sociais, afirmou que
a falta dos recursos da contribuição sobre movimentação financeira comprometeria o
equilíbrio fiscal e seria uma
"péssima" sinalização tanto para o mercado financeiro como
para a sociedade.
Discussões sobre a redução
na alíquota da CPMF, de acordo com Mantega, só poderão
começar em dois ou três anos,
depois que os primeiros resultados da reforma tributária começarem a aparecer. O projeto,
no entanto, só será enviado ao
Congresso neste mês.
Em grupo
A estratégia do governo para
tentar garantir a prorrogação
da CPMF incluiu também participações dos ministros José
Gomes Temporão (Saúde),
Luiz Marinho (Previdência) e
Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
Num discurso afinado, os
três ministros apresentaram
dados para provar a importância da CPMF no financiamento
da área social. Temporão disse
que a contribuição financia os
procedimentos de média e alta
complexidade do SUS (Sistema
Único de Saúde).
Luiz Marinho afirmou que
em 2006 o dinheiro da CPMF
pagou R$ 1,9 milhão de benefícios rurais e Patrus Ananias,
que R$ 7,49 bilhões de um total
de R$ 8,6 bilhões previstos para
gastos com o Bolsa Família neste ano virão do imposto sobre
movimentação financeira.
Para se contrapor aos ataques da oposição, que cobrou o
fim da CPMF, Mantega mais de
uma vez cobrou dos deputados
que indicassem onde os cortes
deveriam ser feitos.
Para rebater o argumento de
que a carga tributária só cresce,
Mantega disse que o governo
não está mais "esfolando o contribuinte", pois o crescimento
da arrecadação se dá de modo
"saudável", baseado num maior
crescimento da economia.
Segundo ele, é um "mito" que
esteja sobrando dinheiro nos
cofres do governo. Dos R$ 50
bilhões de aumento de receita
entre 2007 e 2008, R$ 40 bilhões estão comprometidos
com despesas obrigatórias.
Previdência
Apesar da defesa contundente da prorrogação da CPMF,
Mantega acenou mais uma vez
com a possibilidade e o governo
reduzir a contribuição de 20%
que as empresas pagam ao
INSS para financiar a Previdência Social.
O ministro, no entanto, não
fixou prazo nem firmou um
compromisso. De acordo com
ele, isso dependerá de o governo encontrar fontes para compensar a desoneração.
Cada corte de um ponto percentual na contribuição das
empresas implica uma perda
de R$ 3,5 bilhões de arrecadação do governo.
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