São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2000 |
Próximo Texto | Índice
PAINEL Da Bahia a Brasília ACM decidiu lançar chamas contra o governo logo após sair fortalecido das urnas baianas porque percebeu que está perdendo sua batalha mais importante, a da sua própria sucessão. No xadrez de FHC, a base aliada só fica em pé com Inocêncio Oliveira (PFL) na Câmara e Jader Barbalho (PMDB) no Senado. Termômetro da crise As orelhas de ACM devem ter ardido ontem. O senador foi chamado de "covarde" pelos quatro andares do Planalto. Isso porque teria esperado calculadamente FHC viajar para a Alemanha para, só então, acionar sua metralhadora automática. Lição de casa FHC deixou uma ordem expressa aos ministros antes de viajar: evitar o bate-boca com ACM. Mas, se o senador protocolar alguma denúncia, a determinação é parar tudo e dar uma resposta imediata ao baiano. Faltou água Interino na Presidência, Marco Maciel atuou na tarde de ontem como bombeiro no bate-boca entre FHC e ACM. O vice conseguiu arrancar a promessa do senador baiano de não insistir mais na discussão. Mas o estrago então já estava feito. Nada protocolar A correspondência original de ACM criticando a atuação eleitoral de ministros que tanto irritou FHC era mais dura. A primeira versão foi suavizada enquanto amigos do baiano tentavam se antecipar, colocando FHC em contato com o senador. Não deu. O presidente estava numa reunião ministerial. Picardia paraense Para quem quiser acreditar, Jader diz que não blefa quando afirma que o PMDB terá candidato próprio em 2002. Mas jogou três nomes no ar: Michel Temer (SP), Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE). Ou seja, não lançou nenhum e "esqueceu" de Sarney. "É uma homenagem à Roseana", ironiza. Trivial variado Serra (Saúde), que já adiantou que não vota em Maluf, almoça hoje a sós com Covas. Conversarão, obviamente, sobre a forma do apoio ao PT no segundo turno. Mas deve sobrar um um dedo de prosa para discutir 2002. Mágoa que fica Recado de Erundina a Covas: "O que mais me incomodou em toda a campanha foi ter sido comparada no programa de Alckmin a Pitta e a Maluf. É muito injusto, um desrespeito". Dois pra lá, dois pra cá Roberto Freire (PPS) e José Dirceu (PT) conversaram em Brasília sobre o segundo turno. Pretendem sinalizar que as cúpulas aprovam alianças entre os dois partidos. Mas sabem que as diferenças regionais podem prevalecer em muitas cidades. Dobradinha certa Em duas capitais, pelo menos, já há um consenso: o PT apoiará Regis Cavalcante (PPS) em Maceió e o partido de Ciro Gomes vai de Marta Suplicy em SP. PT saudações Berço da CUT, o ABC foi cruel com dois ex-presidentes da entidade: Vicentinho, que naufragou em São Bernardo (deu PPS), e Jair Meneghelli, que apanhou do PTB em São Caetano. O PT levou Santo André e ainda disputa em Mauá e Diadema. Saia justa É pouco cômoda a situação de Emerson Kapaz no PPS depois do fisco eleitoral. O vice de Erundina, que apareceu muito na TV durante a campanha, agrega à derrota nas urnas o fato de que Ciro Gomes não o vê propriamente com simpatia. Inimigo meu Detalhe que passou despercebido na eleição da Bahia: mudou a qualidade da oposição a ACM, que deixa de ser feita por antigos aliados que romperam com o cacique e passa a ser exercida efetivamente pelo PT, pelo qual o baiano diz ter mais respeito. TIROTEIO Do deputado estadual Edson Aparecido, presidente do PSDB paulista, criticando o que chama de "despolitização" da campanha de Marta Suplicy na TV durante o primeiro turno: - A impressão que ficou é a de que Marta Suplicy e o PT passaram a campanha inteira vendendo sabonete. Só isso. CONTRAPONTO Não tem conversa
ACM e Jader Barbalho travam
uma batalha de morte em torno
da presidência do Senado. O cacique baiano trabalha para impedir a todo custo que o peemedebista o suceda no cargo.
Aposta em José Sarney. Em
abril, a dupla protagonizou um
tenso bate-boca no plenário.
Episódio que o paraense definiu
como um "striptease moral". |
|