São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2001

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QUESTÃO AGRÁRIA

Grupo havia parado marcha rumo à fazenda de filhos de FHC

Negociação fracassa e MST anuncia invasões em MG

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de Brasília e Buritis (MG) disseram no início da noite de ontem que farão uma série de invasões a partir de hoje na região.
A ameaça inclui a retomada da marcha dos sem-terra. Não em direção à fazenda Córrego da Ponte (Buritis) -que tem como sócios os filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso-, mas em direção a supostas terras que o ex-senador Luiz Estevão (PMDF-DF) teria no município.
A ameaça foi resultado do fracasso nas negociações ocorridas durante todo o dia de ontem, em Brasília, entre a liderança nacional do MST e o governo federal.
Na parte da manhã, o MST se comprometeu a parar a marcha iniciada na terça-feira em direção à Córrego da Ponte, mas, em troca, exigia que o governo enviasse um documento formal se comprometendo a mandar a Buritis, ainda nesta semana, representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do Banco do Brasil e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Reivindicações
Os enviados do governo iriam discutir a pauta de reivindicações da região, que inclui aumento de assentamentos, renegociação de dívidas e aumento na liberação de crédito. Além disso, o governo teria se comprometido a retomar as negociações nacionais.
Houve o acerto e os cerca de 200 sem-terra que participavam da marcha se mantiveram no acampamento montado na noite de anteontem a cerca de 25 km da fazenda, que está cercada desde a segunda-feira por homens do Batalhão da Guarda Presidencial.
Como o documento do governo, prometido para o início da tarde, não chegou, os sem-terra afirmaram que iniciariam novamente a marcha nas primeiras horas de hoje. Segundo eles, a decisão sobre o rumo seria tomada no final da noite de ontem.
A exigência para negociação em Buritis partiu do MST local e não vinha sendo admitida até ontem pelo governo. Segundo os sem-terra, neste ano houve 11 reuniões em Brasília e pouca coisa teria sido resolvida. A cúpula do Incra se reuniu ontem e decidiu que só retoma as negociações se os sem-terra retornarem a Buritis.
O MST afirmou que também vai realizar manifestações em Brasília. Segundo o coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues, o governo "faltou com respeito" ao movimento. "Prometeram para a gente uma palestra para hoje [ontem" à tarde, em Brasília, mas deixaram a gente esperando horas na porta, sem nem dar satisfação", disse. "Amanhã [hoje" vamos voltar à luta. Vai ter barulho em Brasília."


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