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QUESTÃO AGRÁRIA
Grupo havia parado marcha rumo à fazenda de filhos de FHC
Negociação fracassa e MST anuncia invasões em MG
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) de Brasília e Buritis (MG)
disseram no início da noite de ontem que farão uma série de invasões a partir de hoje na região.
A ameaça inclui a retomada da
marcha dos sem-terra. Não em
direção à fazenda Córrego da
Ponte (Buritis) -que tem como
sócios os filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso-, mas
em direção a supostas terras que o
ex-senador Luiz Estevão (PMDF-DF) teria no município.
A ameaça foi resultado do fracasso nas negociações ocorridas
durante todo o dia de ontem, em
Brasília, entre a liderança nacional do MST e o governo federal.
Na parte da manhã, o MST se
comprometeu a parar a marcha
iniciada na terça-feira em direção
à Córrego da Ponte, mas, em troca, exigia que o governo enviasse
um documento formal se comprometendo a mandar a Buritis,
ainda nesta semana, representantes do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária),
do Banco do Brasil e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Reivindicações
Os enviados do governo iriam
discutir a pauta de reivindicações
da região, que inclui aumento de
assentamentos, renegociação de
dívidas e aumento na liberação de
crédito. Além disso, o governo teria se comprometido a retomar as
negociações nacionais.
Houve o acerto e os cerca de 200
sem-terra que participavam da
marcha se mantiveram no acampamento montado na noite de
anteontem a cerca de 25 km da fazenda, que está cercada desde a
segunda-feira por homens do Batalhão da Guarda Presidencial.
Como o documento do governo, prometido para o início da
tarde, não chegou, os sem-terra
afirmaram que iniciariam novamente a marcha nas primeiras
horas de hoje. Segundo eles, a decisão sobre o rumo seria tomada
no final da noite de ontem.
A exigência para negociação em
Buritis partiu do MST local e não
vinha sendo admitida até ontem
pelo governo. Segundo os sem-terra, neste ano houve 11 reuniões
em Brasília e pouca coisa teria sido resolvida. A cúpula do Incra se
reuniu ontem e decidiu que só retoma as negociações se os sem-terra retornarem a Buritis.
O MST afirmou que também
vai realizar manifestações em
Brasília. Segundo o coordenador
nacional do MST João Paulo Rodrigues, o governo "faltou com
respeito" ao movimento. "Prometeram para a gente uma palestra para hoje [ontem" à tarde, em
Brasília, mas deixaram a gente esperando horas na porta, sem nem
dar satisfação", disse. "Amanhã
[hoje" vamos voltar à luta. Vai ter
barulho em Brasília."
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