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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO
TSE cria confusão sobre cláusula de barreira
Marco Aurélio admitiu possibilidade de erro e o atribuiu à área administrativa, dizendo que não há deliberação do plenário
"Isso não é uma opinião técnica. Apenas se lançou
[o levantamento] no site
do tribunal para suscitar
debates", afirma ministro
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) divulgou ontem um
levantamento segundo o qual
dez partidos escapariam da
chamada cláusula de barreira,
contrariando cálculo da Câmara, que exclui apenas sete siglas
das restrições da norma. Os
três beneficiados pela interpretação do TSE seriam PTB, PPS
e PL, que já articulam fusões
para não serem sufocados.
Diante da confusão, o presidente do TSE, Marco Aurélio
de Mello, admitiu horas depois
a possibilidade de erro e o atribuiu à área administrativa, dizendo que não há deliberação
dos ministros sobre a aplicação
da regra. "Isso não é uma opinião técnica. Apenas se lançou
[o levantamento] no site do tribunal para suscitar debates",
disse. "Penso que se lançou algo
no site apenas para se ventilar
possibilidades, sem revelar o
entendimento do tribunal."
O levantamento do TSE foi
feito por técnicos de informática e divulgado no final da manhã de ontem. Alertado sobre a
divergência com a Câmara, o
tribunal decidiu exibir em seu
site na internet as duas versões
existentes sobre a norma e
criar uma terceira, sem se comprometer com nenhuma delas.
Na terceira interpretação, o
PDT seria prejudicado.
A cláusula de barreira é a
norma pela qual os partidos
que a partir deste ano obtiverem votação pequena e mal distribuída entre os Estados perderão direito ao funcionamento parlamentar. A principal restrição é que não participarão do
rateio de 99% dos recursos do
Fundo Partidário, que deve distribuir R$ 118 milhões neste
ano. Também não poderão
constituir bancada e ter liderança partidária na Câmara e
nas assembléias legislativas e
perderão o horário de propaganda partidária na TV.
Para manter o funcionamento parlamentar, a Lei dos Partidos Políticos (nš 9.096) exige
que a sigla tenha pelo menos
5% dos votos válidos da eleição
para deputado federal, distribuídos em no mínimo nove Estados em que tenha recebido ao
menos 2% do total em cada um.
Pelo cálculo da Câmara, que
os presidentes dos partidos entendiam ser o correto, sete dos
29 partidos não serão prejudicados. São eles: PMDB, PT,
PSDB, PFL, PP, PSB e PDT.
Divergência
A divergência no critério de
cálculo ocorreu porque a Câmara considerou a votação obtida em todo o país para apurar
se a legenda teve 5% ou mais
dos votos válidos. O TSE levou
em conta só a votação nos nove
Estados onde cada um obteve
seu melhor desempenho.
Indagado sobre a questão, o
ministro Marco Aurélio de Mello não reconheceu expressamente o erro da interpretação
dos técnicos do TSE, mas afirmou que o texto da lei considera a votação obtida "em todo o
país". Com isso, validou indiretamente as contas da Câmara,
mas não desautorizou o tribunal a divulgar outras versões.
Ele disse que o plenário do
TSE decidirá a questão. Mesmo
que nenhum partido apresente
uma consulta, o tribunal terá
de decidir quais siglas terão direito aos recursos do Fundo
Partidário em 2007, declarou.
Nesta semana, o TSE protagonizou outro incidente. Na segunda, tinha proclamado o resultado da eleição presidencial.
Anteontem, voltou atrás e anulou a proclamação e abriu prazo
para que ministros apresentem
relatório sobre a totalização
dos votos nos Estados.
Atingido pela cláusula de
barreira, o PTB realizará hoje
convenção nacional para discutir a fusão com PSC e PAN. O
PPS e o PL também articulam.
Marco Aurélio sugeriu que poderá ser inócuo o esforço dos
partidos pequenos para escapar da cláusula de barreira por
meio de fusões, porque o TSE
poderá negar o efeito imediato.
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