|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foco
Ex-mulher de Dirceu diz a autor de novela que petista nunca foi vilão na vida real
Hedeson Alves - 21.ago.2005/ "Gazeta do Povo"
|
Clara Becker, ex-mulher de Dirceu, em Cruzeiro do Oeste |
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
A ex-mulher do ex-deputado
José Dirceu, Clara Becker, 66,
decidiu tornar pública uma carta que pretende enviar a Aguinaldo Silva, autor da novela
"Duas Caras", da TV Globo. Em
entrevista à Ilustrada, Aguinaldo disse que a história de
Dirceu e Clara inspirou a criação do protagonista da novela,
que se casa por interesse, foge
com o dinheiro da mulher e faz
plástica para mudar de vida:
"Tenho horror", afirmou Silva.
O ex-ministro viveu com a
ex-mulher de 1975 a 1979, em
Cruzeiro do Oeste, no Paraná.
Os dois tiveram um filho, Zeca,
que hoje é prefeito da cidade.
Na época, vivendo na clandestinidade, ele escondeu a verdadeira identidade da mulher e
do filho. Com a anistia, contou
a verdade e mudou para SP.
Na carta, que Clara enviou à
Folha, ela afirma que é "fã" de
Aguinaldo, mas teve uma
"enorme decepção": "Que o sr.
queira criar um ambiente de
ficção em suas novelas, não é
apenas direito seu, assim como
merece todo aplauso. Mas que
o sr. queira criar um universo
paralelo à realidade em algo
que pertence à minha vida (...),
sinceramente, acho que o senhor deveria ter mais cuidado."
Abaixo, os principais trechos:
"É caluniosa a comparação,
feita pelo autor da novela, entre
José Dirceu e um personagem
que se casa por interesse e foge
com o dinheiro da esposa. Nos
anos em que vivi com José Dirceu (...) era tudo anotado em
um caderno e cada um pagava
as suas contas. José Dirceu pagava a empregada e o aluguel, e
eu pagava as despesas de casa e
a comida. Ele nunca me roubou
e nunca dependeu do meu dinheiro, pois tinha a sua loja e eu
a tinha a minha (...)."
"Quanto à omissão da sua
identidade na época, todos,
agora, sabem que era uma necessidade, pois a vida de José
Dirceu estava em perigo. Certa
vez fui chamada pelo então prefeito para uma conversa. O prefeito e outras pessoas desconfiavam daquele homem recém-chegado à cidade e que tinha
um estilo diferente. Em casa
(...) perguntei se ele escondia
alguma coisa (...) A resposta foi
imediata: não era casado e nem
era bandido, mas havia algo,
sim, que não podia revelado naquele momento. Senti sinceridade. Ele era bom, vivíamos
bem e continuamos juntos (...)
Foi uma opção minha."
"Não fui abandonada por José Dirceu. Com a anistia, ele pediu que eu e meu filho fossemos
com ele para SP. Chegamos a
viver algum tempo juntos na
capital paulista, mas eu tinha
aqui em Cruzeiro do Oeste família que dependia de mim (...)
Eu tomei a iniciativa de voltar
para Cruzeiro do Oeste."
"José Dirceu foi um companheiro ideal. Mesmo depois de
nossa separação mantém contato, preocupa-se com meu
bem-estar e vem a Cruzeiro do
Oeste, cidade hoje administrada por nosso filho."
Texto Anterior: Corrupção: Desde 2000, 623 políticos foram cassados no país Próximo Texto: Grupo de Renan tira "PMDB hostil" da CCJ Índice
|