São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

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58% fazem escolha para vereador na última hora

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão sobre o voto em um candidato a vereador ficou para a última hora para mais da metade dos paulistanos, segundo apurou o Datafolha. A pesquisa realizada pelo instituto ontem e anteontem mostra que 58% dos eleitores da capital ainda não tinham definido um nome para o Legislativo municipal.
Pelo menos em termos de quantidade, não faltam opções nas eleições proporcionais: são 1.076 candidatos para 55 vagas na Câmara Municipal.
O maior percentual de eleitores que não tinha escolhido o candidato foi encontrado entre os mais jovens. Dos entrevistados com idade entre 16 e 24 anos, 69% não tinham decidido em quem votar para vereador. Na faixa entre 45 e 59 anos foi apurado o maior índice de eleitores decididos: 48%.
Entre os entrevistados com renda familiar mensal de até dois salários mínimos, 64% não sabiam em quem votar nas eleições proporcionais. Na faixa entre cinco e dez salários mínimos, a pesquisa mostra que metade dos eleitores já tinha um nome de candidato para levar para a urna hoje.
Nos diferentes níveis de escolaridade, aqueles com ensino fundamental completo mostraram-se os mais indecisos: 62% não havia escolhido um candidato. Entre os entrevistados com curso superior, 49% disseram já ter decidido o voto.
Entre os eleitores de Gilberto Kassab (DEM) está o maior percentual de decididos quanto ao vereador: 46%. Já entre as pessoas que declararam voto em Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT), os índices de definição chegam a 44% e 41%, respectivamente.
A pesquisa mostra que em nenhuma das faixas de idade, renda e escolaridade o percentual de entrevistados com a escolha para vereador definida foi superior a 50%.
No pleito municipal de 2004, cerca de 28% dos 6,6 milhões de eleitores que foram às urnas no 1º turno não escolheram nomes de candidatos para vereador --naquela eleição, 1,2 milhão de votos foram para as legendas partidárias, e o número total de votos brancos e nulos para vereador foi de 652 mil.

Escolha dificultada
Para o cientista político e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Carlos Ranulfo, a maioria dos eleitores deixa a escolha dos nomes para cargos no legislativo para última hora principalmente por dois motivos: a maior importância que o eleitor dá para os cargos majoritários e a maior dificuldade que o eleitor tem em conseguir informações sobre as vagas proporcionais.
"O horário eleitoral gratuito dos candidatos a vereador é muito ineficiente. Ele não informa nada", disse Ranulfo.
O cientista político afirmou que neste ano a legislação eleitoral criou restrições à propaganda eleitoral, como a vedação à instalação de outdoors e a distribuição de camisetas com nomes dos candidatos, e isso dificultou mais ainda o acesso dos eleitores às informações sobre as eleições para vereador.
"Os candidatos ficaram mais tolhidos nos meios para se tornarem conhecidos. Assim, aqueles que já são vereadores têm condições muito melhores para serem eleitos", disse.



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