São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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Zeca do PT se lança em MS e complica Dilma

Ex-governador reacende disputa com PMDB de Puccinelli, o atual governador, que se nega a dividir ministra com rival

Petista diz não ver problema em Dilma subir em dois palanques, mas Puccinelli rechaça essa possibilidade: "Aceito um palanque só"

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A decisão do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, de articular sua candidatura ao governo de Mato Grosso do Sul em 2010 pode comprometer as alianças para a campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no Estado.
O projeto, chamado de "irreversível" pelo próprio Zeca, prevê a reedição da histórica disputa local com o PMDB do atual governador e candidato à reeleição, André Puccinelli, que apoia o governo Lula, mas se recusa a "compartilhar" a candidata Dilma com o rival.
"Encontrei-me com a ministra e disse que ela tem palanque em Mato Grosso do Sul. E o próprio presidente Lula já me disse: quero o PMDB junto comigo. Agora, como cristão e monogâmico, aceito um palanque só", disse Puccinelli.
Nos bastidores, segundo a Folha apurou, o Planalto não se opõe a um acordo pela reeleição de Puccinelli, mas Zeca insiste que "o palanque da Dilma já está montado no PT", com o apoio da Executiva estadual.
"O PT quer ter candidato próprio e eu quero ser candidato. Portanto, está montado o palanque. Se o André [Puccinelli] vai apoiar a Dilma ou não vai, é um problema do PMDB, não nosso", disse Zeca.
Segundo ele, o PT local não vê "nenhum problema" na possibilidade de Dilma subir em "dois, três ou cinco palanques" da disputa estadual.
Zeca afirmou que, independentemente de sua candidatura, seria "suicídio político" uma aliança com o PMDB local. "Nós entendemos a importância de uma aliança com o PMDB nacional, mas aqui nós temos uma polarização muito forte, que vem desde 1996."
Outro motivo, disse Zeca, é a "posição dúbia" de Puccinelli. "Eu já disse isso ao presidente: a mão que o afaga quando o senhor vai ao Estado é a mesma que depois apedreja o PT."
Sobre o assunto, Puccinelli disse avaliar que o Estado tem sido "relativamente bem atendido pelo presidente e a ministra Dilma" e que não tem motivos para "brigar com o Lula".
"Eu estou tal qual um noivo, com um cravo branco na lapela, o branco simbolizando a paz, no altar esperando a noiva. Se me rejeitarem, o que posso fazer? Aí eu não sei se apoio o Ciro, se apoio o Serra, se apoio o Aécio, se apoio a Marina."
O deputado estadual Amarildo Cruz, presidente do PT local, disse que a decisão de lançar candidatura própria ao governo "é consenso" no partido desde o início do ano. Segundo ele, não houve contestação em instâncias superiores.
Outro petista de Mato Grosso do Sul que considera inviável o caminho para um acordo com o PMDB no Estado é o senador Delcídio Amaral. Ele disse considerar que a "aliança já passou do ponto".
"O momento já passou e o PT local está unido. Na minha opinião, não dá mais para reverter", disse Delcídio, que disputará a reeleição em 2010 e afirmou que apoiará Zeca, um antigo desafeto. "Tivemos muitas diferenças, mas, no momento em que ele se coloca como candidato, é nossa obrigação trabalhar para elegê-lo."


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