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Zeca do PT se lança em MS e complica Dilma
Ex-governador reacende disputa com PMDB de Puccinelli, o atual governador, que se nega a dividir ministra com rival
Petista diz não ver problema em Dilma subir em dois palanques, mas Puccinelli rechaça essa possibilidade: "Aceito um palanque só"
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A decisão do ex-governador
José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, de articular
sua candidatura ao governo de
Mato Grosso do Sul em 2010
pode comprometer as alianças
para a campanha presidencial
da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) no Estado.
O projeto, chamado de "irreversível" pelo próprio Zeca,
prevê a reedição da histórica
disputa local com o PMDB do
atual governador e candidato à
reeleição, André Puccinelli, que
apoia o governo Lula, mas se recusa a "compartilhar" a candidata Dilma com o rival.
"Encontrei-me com a ministra e disse que ela tem palanque
em Mato Grosso do Sul. E o
próprio presidente Lula já me
disse: quero o PMDB junto comigo. Agora, como cristão e
monogâmico, aceito um palanque só", disse Puccinelli.
Nos bastidores, segundo a
Folha apurou, o Planalto não
se opõe a um acordo pela reeleição de Puccinelli, mas Zeca insiste que "o palanque da Dilma
já está montado no PT", com o
apoio da Executiva estadual.
"O PT quer ter candidato
próprio e eu quero ser candidato. Portanto, está montado o
palanque. Se o André [Puccinelli] vai apoiar a Dilma ou não
vai, é um problema do PMDB,
não nosso", disse Zeca.
Segundo ele, o PT local não
vê "nenhum problema" na possibilidade de Dilma subir em
"dois, três ou cinco palanques"
da disputa estadual.
Zeca afirmou que, independentemente de sua candidatura, seria "suicídio político" uma
aliança com o PMDB local.
"Nós entendemos a importância de uma aliança com o
PMDB nacional, mas aqui nós
temos uma polarização muito
forte, que vem desde 1996."
Outro motivo, disse Zeca, é a
"posição dúbia" de Puccinelli.
"Eu já disse isso ao presidente:
a mão que o afaga quando o senhor vai ao Estado é a mesma
que depois apedreja o PT."
Sobre o assunto, Puccinelli
disse avaliar que o Estado tem
sido "relativamente bem atendido pelo presidente e a ministra Dilma" e que não tem motivos para "brigar com o Lula".
"Eu estou tal qual um noivo,
com um cravo branco na lapela,
o branco simbolizando a paz,
no altar esperando a noiva. Se
me rejeitarem, o que posso fazer? Aí eu não sei se apoio o Ciro, se apoio o Serra, se apoio o
Aécio, se apoio a Marina."
O deputado estadual Amarildo Cruz, presidente do PT local, disse que a decisão de lançar candidatura própria ao governo "é consenso" no partido
desde o início do ano. Segundo
ele, não houve contestação em
instâncias superiores.
Outro petista de Mato Grosso do Sul que considera inviável
o caminho para um acordo com
o PMDB no Estado é o senador
Delcídio Amaral. Ele disse considerar que a "aliança já passou
do ponto".
"O momento já passou e o PT
local está unido. Na minha opinião, não dá mais para reverter", disse Delcídio, que disputará a reeleição em 2010 e afirmou que apoiará Zeca, um antigo desafeto. "Tivemos muitas
diferenças, mas, no momento
em que ele se coloca como candidato, é nossa obrigação trabalhar para elegê-lo."
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