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Suplente de deputado surge em relatório da PF
ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO
Ao detalhar a hierarquia da suposta rede criminosa, sustentada
por policiais, juízes federais (3º
nível) e "laranjas" (1º nível), o relatório preparado pela Diretoria
da Inteligência da Polícia Federal,
que embasou a Operação Anaconda, revela, entre os beneficiários da atuação da quadrilha (o 2º
nível hierárquico), o nome de Ary
Kara José, primeiro suplente da
bancada de deputados federais
por São Paulo eleitos pela coligação PTB-PPS-PDT.
O nome de Kara José (PTB) está
na página 35 do processo
2003.03.00.0653-2, que tramita no
Tribunal Regional Federal em São
Paulo, no âmbito do qual foram
decretadas oito prisões na semana passada, tornando pública a
Operação Anaconda.
Está citado entre 20 nomes caracterizados, no relatório, como
"peças igualmente importantes
em toda a cadeia criminosa, já que
são os responsáveis pela prática
de crime como: contrabando e
descaminho, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, corrupção ativa ou eventualmente concussão".
Benefícios
Os empresários teriam sido beneficiados por uma das pontas
em que se organizaria o suposto
esquema criminoso: ou com o retardamento/fragilização de inquéritos (com o propósito de não
darem em nada), ou com decisões
judiciais em seu favor.
No terceiro nível da hierarquia,
estariam os juízes Casem e Ali
Mazloum e João Carlos da Rocha
Mattos, além dos policiais federais José Augusto Bellini e Jorge
Luiz Bezerra (aposentado).
A Folha entrou em contato com
o escritório de Kara José, em Taubaté, na tarde de ontem. Um funcionário informou que ele se encontrava em viagem e que retornaria apenas amanhã.
Kara José também não respondeu aos recados deixados na caixa
postal de seus celulares, nem à solicitação de entrevista encaminhada por meio de sua assessoria.
Ex-peemedebista, Kara José
tem relações históricas com o ex-governador Orestes Quércia.
Ao lado de Kara José, o relatório, sob segredo de justiça, indica
nomes conhecidos em fraudes,
como o de Ari Natalino da Silva,
citado em vários procedimentos
relacionados a contrabando de cigarro e adulteração de combustíveis. Silva comanda a Petroforte,
uma das principais redes de distribuição de combustíveis do país.
Entre os que são apontados como "laranjas" no relatório da PF
está Norma Regina Emílio Cunha, ex-auditora da Receita e ex-mulher do juiz Rocha Mattos.
Presa na semana passada, Norma
mantinha em sua residência, em
São Paulo, US$ 550.549 e dois quilos de ouro em barra -conjunto
apreendido pela PF.
Os "laranjas", conforme a PF,
seriam responsáveis "pela ocultação, dissimulação e lavagem de
dinheiro obtido pelos intermediadores" -segmento do suposto
esquema no qual se destacariam
os advogados.
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