São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Por partes

Na onda de propostas destinadas a mudar as regras do jogo em Brasília, que inclui o projeto para dar a Lula a chance de disputar um terceiro mandato, um grupo encabeçado por Michel Temer (PMDB-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ) tenta pôr de pé a idéia de revisão constitucional restrita para a próxima legislatura.
Ex-constituintes, os deputados defendem que o Congresso revisor se debruce exclusivamente sobre dois temas: a rediscussão da divisão dos Poderes e a questão tributária. Mesmo a reforma política, outro tema caro ao presidente do PMDB, seria feita ainda na atual legislatura e não entraria no pacote. O grupo que investe na revisão pontual reúne parlamentares de vários partidos, inclusive de petistas e tucanos.

No forno. Entra na pauta da CCJ esta semana o projeto relatado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que prevê o fim da reeleição. O deputado diz que a comissão tem condições de aprová-lo até o fim do mês.

Cereja. Via ministro Guido Mantega (Fazenda), Lula fez chegar a Tasso Jereissati, um dos negociadores tucanos na questão da CPMF, a notícia de que o governo apoiará a criação das ZPEs e a nova siderúrgica no Ceará, dois projetos caros ao senador do PSDB.

Seda. Lula gravou depoimento para um documentário da TV Justiça sobre os 200 anos do Poder no Brasil, que se completam no ano que vem. Foi só elogios. O presidente disse que o Judiciário é a principal instituição do país. "Depois da Justiça, o cidadão só pode recorrer a Deus."

Hiato. Luiz Paulo Conde ainda não reassumiu a presidência de Furnas. Logo depois de nomeado, o ex-prefeito do Rio se submeteu a uma cirurgia para a retirada de um tumor na bexiga. Na semana passada, sofreu nova intervenção. A previsão é de alta em 15 dias. Em todo esse período, a empresa está sendo comandada pelo diretor de Engenharia, Mário Rogar.

Um por todos. As centrais sindicais negociam a criação de um comando único, que coordenaria negociações com o governo. Para dirigentes, a existência de uma cúpula unificada aumentaria seu poder de pressão e evitaria pulverização de entidades.

Feeling. Aliados do ministro Tarso Genro (Justiça) não ouviram nenhuma manifestação, mas "intuem" que Guido Mantega e outros colegas de Esplanada vão votar em José Eduardo Cardozo, da Mensagem ao Partido, na eleição do PT, em dezembro. O peso do grupo na sigla, porém, é menor que seu peso no governo.

À altura. Dirigentes do ex-Campo Majoritário do PT, que tenta emplacar a reeleição de Ricardo Berzoini, se dizem surpresos com a campanha de Jilmar Tatto. Gleber Naime, secretário da Comunicação petista, reclama aos quatro cantos do "poderio econômico" do adversário.

Asfixia. A senadora Lúcia Vânia cogita a possibilidade de, apesar da fidelidade partidária imposta pelo Supremo, deixar o PSDB. Seu colega Marconi Perillo conseguiu controlar inteiramente o diretório do partido em Goiás. Com isso, para conseguir ser candidata à reeleição em 2010, a tucana dependerá da boa vontade do cacique.

Promoção. Arlindo Chinaglia (PT-SP) é unha e carne com Mozart Viana. O presidente da Câmara saiu-se com esta, na semana passada, ao tentar contrapor acusação da oposição de que secretário da Mesa estaria instruindo petistas indevidamente. "O deputado Mozart orienta tecnicamente todas as bancadas".

Com cinto. O governador José Roberto Arruda estava, sim, de cinto de segurança no trecho do programa do DEM em que aparece dirigindo e mostrando obras no Distrito Federal. A cena pode ser vista na internet pelo link http://www.youtube.com:80/watch?v=5j56gsmyR7c.

Tiroteio

Vou apresentar uma emenda para que o projeto do Devanir Ribeiro seja enviado ao Second Life. Assim o Lula poderá disputar não apenas o terceiro mandato, mas também o quarto.


Do deputado federal EDUARDO GOMES , (PSDB-TO), sobre a movimentação do colega do PT para dar ao presidente da República a chance de concorrer novamente em 2010.

Contraponto

Nunca antes

Anos depois de deixar a Presidência da República, o general Ernesto Geisel (1908-1996) viajou a Salvador acompanhado de dois antigos colaboradores: Humberto Barreto e o general Antônio Luiz de Barros Nunes, o Cacau. Ao desembarcar, o trio aceitou os serviços de um carregador para levar a bagagem até o carro. Para surpresa dos colegas, Geisel, conhecido pão-duro, tirou uma nota da carteira e entregou-a ao rapaz. Cacau comentou com Barreto:
-Eu não sabia que o Ernesto tinha carteira. É a primeira vez que o vejo com uma coisa dessas na mão.
A história faz parte do livro "Políticos ao Entardecer", de Ney Figueiredo, que será lançado hoje em São Paulo, a partir das 19h, na livraria Cultura do Conjunto Nacional.


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