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Militares contam com reaproximação dos EUA
Expectativa é que Brasil seja aliado preferencial
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos subprodutos mais
curiosos que a divisão na América Latina promovida pela retórica chavista pode render é
uma reaproximação das áreas
militares dos EUA e do Brasil.
Há uma expectativa na cúpula militar brasileira de que haja
até negócios decorrentes da necessidade de Washington em
ter o Brasil como aliado preferencial na região -título hoje
da Colômbia e do Chile.
A Venezuela de Chávez, ao
adotar a retórica antiamericana e lucrando fortemente com
a subida do preço do petróleo,
recebeu um veto explícito a negócios com fornecedores bélicos americanos. Assim, Chávez
não pôde comprar Super Tucanos brasileiros com peças americanas, já que a Embraer seria
retaliada pelos EUA se os fornecesse. O mesmo ocorreu com
aviões espanhóis de transporte.
Com sua frota de caças F-16
americanos caindo aos pedaços, a solução óbvia foi buscar
na Rússia do "neoczar" Vladimir Putin o que necessitava.
Resultado: US$ 4,3 bilhões
de compras anunciadas desde
2005. Antes, apenas o Peru
operava grande quantidade de
material russo na região. E a
Venezuela ainda busca equipamento no Irã e na China, não
exatamente confiáveis para os
interesses dos EUA. Para os
russos, foi ótimo negócio. Eles
já vinham tentando emplacar
os Sukhoi, e agora helicópteros,
em compras brasileiras.
Dificilmente os EUA assistiriam a esse movimento de dominação de mercado impassíveis. Não por acaso, a concorrência para caças F-X, na qual a
Rússia era favorita, acabou, entre outros motivos, por pressão
dos concorrentes ocidentais.
Além disso, Chávez amealhou muitos aliados por meio
do favorecimento energético. A
Bolívia, o Equador e, em menor
escala, a Argentina, estão sob
sua influência. Os EUA temem
que isso cause um futuro rearmamento do "eixo bolivariano"
com equipamento russo (e chinês, e talvez iraniano), para o
que Chile e Colômbia não serviriam de anteparo estratégico.
A expectativa dos militares brasileiros de que Washington namore o Brasil segue essa lógica.
Resta saber como o governo
agirá se isso acontecer. Depois
de somar muitas derrotas e algumas vitórias com sua política
"altiva" e antiamericana em dados momentos, o Itamaraty parece ter adotado um tom mais
sóbrio no segundo mandato de
Lula. Haveria um embate entre
pragmatismo e ideologia curioso de ser assistido.
(IGOR GIELOW)
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