|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TSE cobra explicação de Lula sobre 22 doações à campanha
Principais questionamentos são sobre repasses feitos por acionistas de concessionárias
Advogado do PT diz que todas as respostas foram enviadas à área técnica e
que partido consultou empresas antes de doação
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os técnicos do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) que analisaram a prestação de contas do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pediram explicações à
campanha sobre 22 doações. A
maioria dos casos refere-se a
repasses sob suspeita de "doações vedadas" pela legislação
eleitoral por ligação do doador
com outras empresas prestadoras de serviços públicos.
Dos 22 pedidos de explicação, 15 são doações feitas ao comitê financeiro petista e outros
7 são recursos que entraram direto na conta de Lula.
A perícia das contas do presidente foi concluída na manhã
de ontem por uma equipe de 23
analistas do tribunal. Para rebatê-los, o PT montou um
plantão numa sala do tribunal,
com advogados e contadores da
campanha. O partido disse ter
levado um montante de 200 kg
de documentos e recibos.
A sessão de julgamento da
prestação de contas de Lula está agendada para hoje. O relator da matéria, ministro Gerardo Grossi, recebeu o relatório
da perícia ontem pela manhã e
emitirá o seu parecer. Caso o
TSE aprove a contabilidade, o
presidente será diplomado no
próximo dia 14. O tribunal não
começou a analisar as contas de
Geraldo Alckmin (PSDB).
O advogado do PT, Márcio
Silva, disse que todos os 22 casos foram respondidos prontamente. "Foram encaminhadas
todas as respostas diretamente
à área técnica", disse. Ele afirmou também que, antes de arrecadar os recursos, o partido
enviou ofícios aos doadores
perguntando se eles não possuíam títulos públicos.
Os questionamentos feitos
pelos analistas do tribunal
constam de um relatório preliminar encaminhado aos advogados da campanha petista. Há
casos de erros de digitação, duplicidade de lançamentos ou falha de leitura dos dados. Mas a
maioria, entretanto, refere-se a
doações vultuosas de empresas
como MBR (Minerações Brasileiras Reunidas) e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
No caso dessas duas empresas, a polêmica gira em torno
do fato de ambas deterem 32%
cada uma do capital acionário
da MRS Logística, que é concessionária de transporte ferroviário. Controlada pela Vale
do Rio Doce, a MBR doou
R$ 2,25 milhões ao petista. A
CSN desembolsou R$ 1,9 milhão. Outro caso que chamou a
atenção dos técnicos do TSE,
como antecipou ontem o "Painel" da Folha, foi o da mineradora Caemi, subsidiária da Vale, que também financiou a
campanha de Lula.
A legislação proíbe permissionárias e concessionárias de
serviços públicos de doarem
para campanhas. No entanto,
há divergências na interpretação da lei se a atividade de mineração é "prestação de serviço
público". A Vale argumenta
que a legislação não veta repasses feitos por subsidiárias, que
a transferência foi feita às claras e para vários candidatos e
defende a tese de que mineração não é serviço público.
Houve pedidos de explicações também sobre doações da
construtora OAS, que somam
R$ 1,7 milhão. A construtora
detém 32% das ações da CRT
(Concessionária Rio Teresópolis), responsável por rodovias
no Rio, segundo o site da ABCR
(Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias).
Também consta da lista repasses de R$ 1 milhão do IBS
(Instituto Brasileiro de Siderurgia) e de R$ 500 mil da Interavia Táxi Aéreo.
Outro caso identificado pelos técnicos é a transferência
de R$ 1 milhão da empresa Carioca Christiani Nielsen Engenharia, doados em quatro parcelas de R$ 250 mil diretamente à conta do candidato -não-contabilizado pelo comitê financeiro.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|