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Lula reitera preferência por Aldo na Câmara
PT tenta convencer líder do governo, Chinaglia, a não disputar vaga; Aldo resiste a lançar candidatura antes de haver consenso
Base aliada enfrentará dois testes amanhã: a escolha do novo ministro do TCU e
a cassação de José Janene, ex-líder da bancada do PP
EDUARDO SCOLESE
LUCIANA CONSTANTINO
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento em que o PT
ensaia indicar o nome do deputado federal Arlindo Chinaglia
(SP) ao comando da Câmara, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva reiterou ontem à cúpula
do PC do B sua preferência pelo
deputado Aldo Rebelo (SP).
Mais tarde, durante encontro com dirigentes do PSB, o
presidente reafirmou sua preferência por Aldo e também
deixou claro seu desejo por
mais um mandato de Renan
Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado.
O PC do B, mesmo diante do
apoio a Aldo, manifestou a Lula
que deseja ter mais espaço no
governo, independentemente
do resultado da eleição no Legislativo. A sigla, que apóia Lula
desde 1989, comanda atualmente o Ministério do Esporte.
Em outubro, o PC do B elegeu
13 deputados federais (o partido hoje tem 12) e um senador.
"Uma coisa é a presidência da
Câmara. Outra coisa são cargos
no governo. Separamos essas
duas coisas", disse o presidente
do PC do B, Renato Rabelo,
após reunião com Lula. O PC do
B e o PSB fecharam apoio à coalizão que dará apoio ao segundo
mandato de Lula.
Segundo o presidente do PC
do B, a candidatura de Aldo só
será possível se houver "amplo
apoio da base do governo". O
PSB já o definiu. "Da nossa bancada há claramente simpatia
pela reeleição do companheiro
Aldo Rebelo", disse Eduardo
Campos, presidente nacional
do partido e governador eleito
de Pernambuco, após conversa
com Lula.
Adiamento
Hoje, a direção do PT tentará
uma última cartada para convencer Chinaglia a adiar o lançamento de sua candidatura.
Até a noite de ontem, entretanto, Chinaglia tendia a ignorar os
apelos e assumir sua intenção.
Pela manhã, a comissão política do partido (instância que
reúne um representante de cada tendência interna) se encontra com a coordenação da bancada federal. À tarde, em reunião entre atuais e futuros deputados, Chinaglia, que é líder
do governo na Câmara, espera
reunir apoio para tornar sua
candidatura irreversível. Ontem, ele passou o dia em reuniões com parlamentares.
No
final da tarde, achava provável
que conseguisse se lançar.
O grande empecilho para o líder do governo é a direção petista. O presidente interino,
Marco Aurélio Garcia, e o presidente afastado, Ricardo Berzoini, entre outros, acham temerário o partido lançar um nome
antes de pelo menos ter uma
conversa com o PC do B. Os dirigentes petistas defendem um
adiamento do anúncio por pelo
menos duas semanas.
De todos os dirigentes partidários, quem tem posição menos confortável é Garcia. Muito
próximo de Lula, ele tenta evitar a divisão e insiste em que o
PT seja flexível para dialogar
com outras siglas -não só o PC
do B mas também o PMDB, que
ameaça lançar seu candidato.
Ao mesmo tempo, por presidir
o PT, Garcia não pode bombardear o projeto de Chinaglia.
Testes
Caso confirme a candidatura,
Chinaglia já terá logo de cara
dois testes para seu poder de
aglutinar partidos aliados. Para
amanhã estão marcadas a eleição do novo ministro do Tribunal de Contas da União e a cassação do ex-líder do PP José Janene (PR), último remanescente do escândalo do mensalão.
Aldo Rebelo disse que espera
um consenso para se reeleger.
"A presidência da Câmara não é
um projeto pessoal. Exige um
projeto para o Legislativo, a Câmara e o país. Creio que deva
ser uma decisão conjunta de todos os partidos ou de uma parte
deles", disse Aldo, em seminário na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, no Rio.
Aliança
Indagado se poderia haver
uma aliança entre o PC do B, o
PT e o PMDB, sorriu. "Talvez.
Os caminhos da política não estão previamente escritos, como
na fórmula matemática. São
muito mais imprevisíveis."
Ele afirmou que considera legítimas as pré-candidaturas de
Chinaglia e de um eventual representante do PMDB, que pode lançar um nome nesta semana, mas afirmou que pretende
esperar e não anunciar suas intenções agora.
Sobre o fato de Chinaglia vir
sendo apoiado pelo ex-ministro da Casa Civil e deputado
cassado José Dirceu, Aldo disse
ter "grande respeito" por Dirceu e ser legítimo que queira influenciar na vida de seu partido. Aldo afirmou ainda que
considera legítima a aspiração
de Dirceu de ser anistiado politicamente no âmbito da Câmara, mas considerou que "esse
debate não deve presidir a eleição na Câmara".
Colaborou RAPHAEL GOMIDE, da Sucursal do
Rio
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