São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Lula costura com o PMDB nome de Garibaldi como sucessor

Presidente, no entanto, exigiu do partido que senador não faça oposição ao Planalto, como fez quando comandou a CPI dos Bingos; eleição deverá ser na quarta

KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula com a cúpula do PMDB operação para tentar eleger Garibaldi Alves (RN) presidente do Senado. A indicação do senador Edison Lobão (MA) para o Ministério de Minas e Energia faz parte da articulação sobre a sucessão de Renan Calheiros (AL), que renunciou à presidência da Casa.
Para que o governo dê apoio a Garibaldi, Lula exigiu e obteve da cúpula do PMDB garantias de que ele não será hostil com o Palácio do Planalto. Em 2005 e 2006, quando presidiu a CPI dos Bingos, Garibaldi foi um duro opositor a Lula. O senador se reuniu com o petista e disse que não será um oposicionista.
Lula sabe que haverá resistências a Garibaldi na própria bancada do PMDB, com 20 integrantes. Esse é o principal obstáculo que o governo e a cúpula do partido precisarão vencer em reunião da bancada do partido no Senado que acontecerá amanhã. Se Garibaldi vencer a disputa interna na bancada, ele se transformará em postulante favorito devido ao bom trânsito que tem na oposição. Lula preferia que Sarney fosse o futuro presidente do Senado, mas PSDB e DEM já manifestaram que não aceitariam apoiá-lo. E o próprio Sarney já disse que só aceitaria ser candidato de consenso. Numa hora em que precisa reunir forças para tentar prorrogar a CPMF na Casa, o governo não está interessado em ampliar o contencioso com a oposição.
Na bancada peemedebista, lançaram-se candidatos Valter Pereira (MS), Leomar Quintanilha (TO) e Neuto de Conto (SC) -este é apresentado como um nome de pouca exposição pública e que poderia ser discreto para um mandato tampão. Os três afirmam que, se não houver acordo na bancada, poderá haver disputa no voto. "Se não conseguir consenso, não tem problema, vamos para o voto. O importante é consenso não só na bancada, mas fora dela", disse Valdir Raupp, líder do PMDB na Casa.
Antes de dizer à cúpula do PMDB que não vetaria Garibaldi, Lula citou como possíveis candidatos Sarney, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e o ministro das Comunicações, o senador Hélio Costa (MG). Mas esses três seriam inviáveis na visão da cúpula peemedebista. Garibaldi seria o mais viável para uma operação rápida e complicada, já que o Planalto enfrenta no Senado dificuldade para prorrogar a CPMF. A eleição para a presidência da Casa deverá ser na próxima quarta.
"É irreversível a minha candidatura. E eles [oposição] estão dizendo que aceitaram", disse ontem Garibaldi, logo após Renan renunciar. O líder do PSB na Casa, Renato Casagrande (ES), afirmou que "Garibaldi é o nome do PMDB que tem trânsito nos dois lados, na base do governo e na oposição". A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), afirmou que o partido irá apoiar o nome que for escolhido pelo PMDB.
Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, disse que admitia apoiar um nome de consenso que viesse do PMDB, pois a vaga, pela tradição, cabe à maior bancada em caso de acordo. E chegou a mencionar Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE). O governo, porém, não aceita Jarbas.
O peemedebista Wellington Salgado (MG) disse não acreditar no desejo da oposição de eleger por acordo o sucessor de Renan Calheiros.


Colaboraram SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília


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