São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Conta conjunta

O governo brasileiro conta com a pressão de outros países da América do Sul para que o Equador reveja a decisão de dar um calote de US$ 243 mi no BNDES (o dinheiro foi usado na construção, pela Odebrecht, de uma hidrelétrica que veio a apresentar falhas sérias).
A esperada solidariedade se baseia no fato de que o empréstimo é garantido não apenas pelo Tesouro brasileiro, mas também pelo Convênio de Créditos Recíprocos, do qual participam todos os países da região. Se não houver pagamento, o Tesouro arcará com uma parte do prejuízo. A maior parte, porém, será dividida entre os signatários do CCR. Nunca houve calote no âmbito do Convênio. A próxima parcela do empréstimo vence em 29 de dezembro.



Pindaíba. O Planalto tem informações de que o Equador enfrenta sérias dificuldades financeiras. Muito dependente do fluxo externo de recursos, o país sofre mais do que outros da região com a queda no preço do petróleo.
Na avaliação do governo brasileiro, o Equador, ao anunciar o calote no BNDES, buscou uma saída "político-ideológica" para ganhar fôlego.

Sem tabu. O pente-fino que a Comissão de Orçamento fará nos investimentos de 2009 incluirá as outrora intocáveis obras do PAC. Tudo que estiver abaixo de 20% de execução será passível de corte. A meta é limar R$ 8 bi.

Nem pensar. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) tenta evitar a criação de agência que cuidaria exclusivamente de regularização fundiária. Alega que não é hora de inventar despesas permanentes de pessoal. A idéia de Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) demandaria pelo menos 50 novos cargos.

Cara a cara. Mangabeira preparou roteiro de 11 páginas com perguntas e respostas sobre sua proposta de regularização fundiária na Amazônia. Quer treinar para entrevistas.

S.O.S. Guido Mantega (Fazenda) recebe na terça representantes da economia de Santa Catarina, combalida pelas enchentes. Cicerone, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) diz que a situação exige "respostas, não papéis".

Os favoritos. A prestação final das contas dos candidatos a prefeito mostra que o PT injetou mais dinheiro em eleições no ABC paulista, Guarulhos e Osasco do que em capitais onde chegou a ter perspectiva de vitória, como Salvador. No entorno paulistano, o partido investiu R$ 12,5 mi por meio de repasses ocultos, ou seja, feitos por seus diretórios. A campanha de Walter Pinheiro na capital baiana deixou R$ 1 mi em dívidas.

Davi e Golias. O eleito em Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), informou ter arrecadado R$ 17,5 mi, sendo R$ 4 mi sacados de seu próprio bolso. O rival Leonardo Quintão (PMDB), que lhe deu um susto ao forçar o segundo turno, obteve R$ 2,7 mi.

Lembra? As contas de Lacerda, que passou a campanha negando envolvimento com o mensalão, registram doação de R$ 50 mil do Banco Rural, instituição que esteve no centro do escândalo de 2005.

Muito prazer. Dilma Rousseff (Casa Civil) é a convidada especial, hoje, da abertura do seminário do Construindo um Novo Brasil, tendência majoritária do PT, em São Roque (SP). Considerada "independente" dentro da sigla, a presidenciável quer estreitar relações com quem controla a máquina.

Visita à Folha. Antonio Carlos Valente, presidente do Grupo Telefonica no Brasil, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Fernando Freitas, diretor de Relações Institucionais, e de Emanuel Teixeira Neri, diretor de Comunicação Corporativa.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio
"Isso é bom, porque Michel Temer poderá cuidar da eleição na Câmara. Até agora, ele parecia mais ocupado em resolver a do Senado."
De CIRO NOGUEIRA (PP-PI), ironizando a situação do deputado peemedebista, seu adversário na disputa pela presidência da Câmara; Temer foi contrariado pelo anúncio de que o PMDB terá candidato ao comando do Senado, o que pode dificultar sua eleição.

Contraponto
Supremo Machado

Ao encerrar uma aula na noite de anteontem, Gilmar Mendes foi indagado por alunos sobre o fato de o juiz Fausto De Sanctis haver sugerido, na sentença em que condenou Daniel Dantas, que o banqueiro teria um informante no Supremo Tribunal Federal.
Sem mencionar nomes, o presidente da Corte criticou a "ideologia típica de "O Alienista'", em que apenas uma pessoa parece "detentora de todas as qualidades e virtudes da cidadania, e as demais sejam e devam ser consideradas más". E concluiu:
-Vale lembrar que, na alegoria de Machado de Assis, só depois de prejudicar uma comunidade inteira veio à luz o óbvio: tudo não passava de delírio de Simão Bacamarte.


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