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"Homem da cueca" pagava funcionários em dinheiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Personagem de vídeo no qual
aparece colocando notas na
cueca, o empresário Alcyr Collaço costumava pagar com dinheiro vivo os funcionários de
seu jornal, "Tribuna do Brasil".
Collaço ganhou espaço na
mídia nos últimos dias por conta de dois vídeos gravados por
Durval Barbosa, ex-secretário
do governo do DF que denunciou o "mensalão do DEM".
Num deles, aparece guardando R$ 30 mil na cueca. Em outro, cita integrantes da cúpula
do PMDB como supostos beneficiários do esquema.
Ontem a Folha conversou
com seis pessoas que trabalharam no jornal de Collaço. Segundo eles, que pediram anonimato, até 2007 o dinheiro chegava à redação numa sacola,
sempre no final do dia, e o pagamento era sempre feito em
dinheiro vivo, independentemente do valor ou do cargo.
Na redação, os dias de pagamento eram de apreensão, já
que do outro lado da rua, em
frente à sede do tabloide, funciona uma casa para reabilitação de presos. Essas mesmas
pessoas ouvidas pela reportagem disseram, no entanto, que
nunca contestaram a prática.
O jornal "Tribuna do Brasil"
é mantido com publicidade do
Governo do Distrito Federal,
Banco de Brasília e da construtora PauloOctávio, empresa do
vice-governador. Segundo o
jornal, a tiragem diária é de 13
mil exemplares.
Oriundo de São Paulo, Collaço chegou a Brasília em 2003,
primeiro ano do governo Lula,
disposto a mudar sua área de
atuação. Estimulado por petistas da direção nacional, à época
comprou o jornal num projeto
ambicioso de fazer dele a "cabeça" de uma rede de jornais
populares que se espalhariam
pelo país fazendo frente à imprensa nacional.
O projeto do jornal, porém,
naufragou com o escândalo do
mensalão que derrubou do governo parte da cúpula petista, o
que levou Collaço a se aproximar do grupo do então governador de Brasília, Joaquim Roriz (ex-PMDB, hoje no PSC) e
depois da gestão de José Roberto Arruda (DEM).
Collaço é descrito pelos amigos como uma pessoa falastrona, que gosta de mostrar influência e comentar sobre tudo. Procurado pela Folha, ele
não quis dar entrevista.
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