São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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"Homem da cueca" pagava funcionários em dinheiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Personagem de vídeo no qual aparece colocando notas na cueca, o empresário Alcyr Collaço costumava pagar com dinheiro vivo os funcionários de seu jornal, "Tribuna do Brasil".
Collaço ganhou espaço na mídia nos últimos dias por conta de dois vídeos gravados por Durval Barbosa, ex-secretário do governo do DF que denunciou o "mensalão do DEM".
Num deles, aparece guardando R$ 30 mil na cueca. Em outro, cita integrantes da cúpula do PMDB como supostos beneficiários do esquema.
Ontem a Folha conversou com seis pessoas que trabalharam no jornal de Collaço. Segundo eles, que pediram anonimato, até 2007 o dinheiro chegava à redação numa sacola, sempre no final do dia, e o pagamento era sempre feito em dinheiro vivo, independentemente do valor ou do cargo.
Na redação, os dias de pagamento eram de apreensão, já que do outro lado da rua, em frente à sede do tabloide, funciona uma casa para reabilitação de presos. Essas mesmas pessoas ouvidas pela reportagem disseram, no entanto, que nunca contestaram a prática.
O jornal "Tribuna do Brasil" é mantido com publicidade do Governo do Distrito Federal, Banco de Brasília e da construtora PauloOctávio, empresa do vice-governador. Segundo o jornal, a tiragem diária é de 13 mil exemplares.
Oriundo de São Paulo, Collaço chegou a Brasília em 2003, primeiro ano do governo Lula, disposto a mudar sua área de atuação. Estimulado por petistas da direção nacional, à época comprou o jornal num projeto ambicioso de fazer dele a "cabeça" de uma rede de jornais populares que se espalhariam pelo país fazendo frente à imprensa nacional.
O projeto do jornal, porém, naufragou com o escândalo do mensalão que derrubou do governo parte da cúpula petista, o que levou Collaço a se aproximar do grupo do então governador de Brasília, Joaquim Roriz (ex-PMDB, hoje no PSC) e depois da gestão de José Roberto Arruda (DEM).
Collaço é descrito pelos amigos como uma pessoa falastrona, que gosta de mostrar influência e comentar sobre tudo. Procurado pela Folha, ele não quis dar entrevista.


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