São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Servidores do Rio podem ficar sem salário

Cabral e secretário da Fazenda só asseguram pagamento na segunda-feira para quem ganha até R$ 500

RAPHAEL GOMIDE
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral, e o secretário de Fazenda, Joaquim Levy, afirmaram ontem que não podem garantir o pagamento dos salários de todo o funcionalismo com os recursos em caixa até ontem.
Eles disseram garantir o pagamento dos servidores que ganham até R$ 500 na segunda. Esse montante corresponde a R$ 24,4 milhões (3,8%) do total de R$ 640 milhões da folha.
Cabral culpou a antecessora e ex-aliada, Rosinha Matheus, rompendo trégua política. A assessoria da Secretaria de Fazenda informou que Rosinha deixou só R$ 209,3 milhões, sendo R$ 88,6 milhões líquidos e R$ 120,7 milhões em conta para pagar fornecedores. Cabral autorizou o uso do dinheiro para pagar o funcionalismo.
As declarações se confrontam com informação de Rosinha de que deixou dinheiro suficiente para o pagamento. Em nota, ela falou em "jogo sujo" e acusou Cabral de querer aplicar os recursos no mercado financeiro, "prejudicando a vida de milhares de funcionários".
Segundo Levy, o Estado não tinha ontem garantias para pagar 96,4% (R$ 616,1 milhões) do devido aos servidores que ganham entre R$ 500 e R$ 950 (dia 9) ou mais (dia 10). Ele torce para que a arrecadação dos próximos dias seja suficiente para quitar esses pagamentos.
Cabral disse que o Estado tem em caixa "muito menos, mas muito menos mesmo que R$ 600 milhões". A folha de pagamento é de R$ 640 milhões.
"Vou fazer todo o possível para pagar em dia. Infelizmente deixaram em caixa muito menos do que foi anunciado. É lamentável, vemos nos outros Estados governos deixando sempre prevenção no caixa. Isso é responsabilidade fiscal. Infelizmente não recebemos o Estado assim. Segunda-feira vamos pagar os salários até R$ 500, garanto isso. Estamos fazendo esforço para que os demais servidores recebam no prazo", disse Cabral.
Joaquim Levy afirmou ainda que o governo anterior superestimou a receita do Orçamento de 2007 em R$ 1,4 bilhão: R$ 700 milhões de royalties do petróleo a serem recebidos e R$ 700 milhões de adiantamento de certificados da dívida com a União. O montante corresponde a 4,6% do Orçamento real -de R$ 30 bilhões.
O secretário disse que só pode garantir o pagamento de servidores que recebem até R$ 500 graças ao decreto de Cabral desbloqueando conta do Estado no valor de R$ 120 milhões. "Os recursos realmente livres somados à previsão de arrecadação impunham um desafio para pagar a folha até o dia 10, sem explorar alternativas. Seria praticamente impossível", disse Levy, que declarou evitar "qualquer medida heterodoxa".
Levy agora torce para que a arrecadação dos próximos dias seja suficiente para quitar os pagamentos dos dias 9 e 10: "Vai ter de ser em tempo real. Vamos depender da receita até o dia 10 para pagar. Não estou querendo fazer drama, mas vamos ter de tomar riscos".
A ex-governadora disse ter os extratos bancários dos recursos deixados em caixa e que esses recursos garantem "com folga" o pagamento. Procurada às 17h40, sua assessoria informou não ser possível mais apresentar esses documentos.


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