São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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Arcebispo da Paraíba critica novo templo da Universal

Dom Aldo Pagotto atribui "suntuosidade" do prédio a "comercialização da fé"

Igreja evangélica reage dizendo que crescimento das pentecostais "incomoda outras religiões" e atacando o líder católico na internet


Marcos Alexandre/ "Correio da Paraíba"
Vista aérea do novo templo da Igreja Universal do Reino de Deus, em João Pessoa, na Paraíba


CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

A inauguração anteontem de um novo templo da Igreja Universal do Reino de Deus em João Pessoa (PB) recebeu críticas públicas da principal autoridade católica local, o que gerou duros ataques e respostas da igreja pentecostal.
O arcebispo da Paraíba, dom Aldo di Cillo Pagotto, divulgou nota atribuindo a "suntuosidade" do templo -com capacidade para 5.100 fiéis- a "promessas propaladas por seus líderes, induzindo o povo de boa-fé a alcançar a prosperidade material em formas imediatistas".
"Diante de prementes carências, pessoas não esclarecidas, sem acompanhamento em uma comunidade de fé e vida, em breve tempo, tornam-se adeptas desses grupos religiosos", diz a nota, intitulada "A fé mercantilizada". "São, porém, induzidas a contribuir com coletas. Essa condição é inegociável, demonstrando assim, sua confiança em "Deus"."
Na nota, dom Aldo questiona como templos grandiosos são construídos em espaço curto de tempo. Sugere, como resposta, o suposto envolvimento de pastores em escândalos financeiros. "Por certo rola muita grana nas mãos dos "servos e obreiros". Quem não se lembra das malas cheias de dinheiro em mãos de "pastores'?"
"A Igreja Católica não deixa claro, em pratos limpos, que essa tal fé, desta tal igreja, é diferente da que nós promovemos. Há a comercialização da fé, e eu só dei nome aos bois. Não podemos acompanhar o crescimento desses templos sem falar nada e deixar a coisa acontecer", disse dom Aldo à Folha.
Levantamento do Seminário de Teologia Gordon-Cornwell, um dos quatro maiores dos EUA, indica que, com 24 milhões de fiéis, o Brasil é hoje o maior país pentecostal do mundo -embora também seja o maior país católico do mundo, com estimados 138 milhões de adeptos do catolicismo.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse que os arcebispos "têm autonomia em suas dioceses" e que não vai se pronunciar.
Em seu site, a Universal respondeu. Disse que "o crescimento das igrejas pentecostais incomoda outras denominações religiosas" e que o arcebispo "já esteve envolvido com denúncias de proteger frei acusado de estupro em 2002".
O site diz que dom Aldo "tentou convencer três supostas vítimas de estupro a retirar queixa contra o acusado".
"Eu só fui oferecer apoio às meninas e aquilo foi distorcido, como se eu quisesse que elas ficassem quietas. Esse processo foi totalmente arquivado e eu fui absolutamente inocentado", disse o arcebispo.
"Ele deveria se preocupar com o povo da igreja dele e deixar quem está trabalhando quieto. Se a incompetência tem reinado em seu ministério e ele não desenvolve o trabalho no Estado, o problema é dele", disse o pastor e vereador de João Pessoa Miguel Arcanjo (PRB).


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